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Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Política

Agricultores familiares manifestam interesse em produzir guaraná

Estudo feito pela Embrapa Amazônia Ocidental para prospecção de demandas de tecnologias agropecuárias identificou o interesse de novos produtores rurais do município de Itacoatiara (AM) em produzir guaraná. Atualmente, o Amazonas é o segundo produtor do País e os principais municípios produtores são Maués, Presidente Figueiredo, Urucará, Boa Vista do Ramos, Parintins e, inclusive, Itacoatiara.


O principal atrativo é o cenário econômico favorável ao mercado de guaraná, que é importante insumo para indústrias de refrigerantes, farmacêuticas, químicas e de cosméticos. No Amazonas, o extrato concentrado do guaraná está entre os produtos que lideram no valor das exportações da Zona Franca de Manaus.

Atualmente existe tecnologia para cultivo e demanda aquecida em busca do produto. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, André Atroch, a indústria de refrigerantes e sucos é atualmente o grande mercado para o guaraná e a demanda vai continuar crescendo. Somente a demanda da indústria de refrigerantes sabor guaraná cresce em média 3% ao ano e está em torno de 3 bilhões de litros anuais, informa Atroch. A quantidade mínima de extrato de guaraná por litro de refrigerante é de 0,02 gramas. “Considerando esses dados, percebe-se facilmente que a quantidade de guaraná produzida hoje no Brasil não atende a demanda e que os plantios poderiam ser ampliados sem problemas de superprodução”, avalia.

Existem vários segmentos promissores para exploração econômica do guaraná como fonte de cafeína. Esse mercado não está sendo atendido plenamente pela cafeína natural do guaraná porque a produção ainda é insuficiente. Entre eles, está a indústria farmacêutica, que tem utilizado o guaraná em diversos produtos; outro setor é a indústria de bebidas energéticas, que já tem formulado produtos que contêm o guaraná.

Um dos fatores que despertam o interesse dos produtores do município de Itacoatiara nessa cultura são as atuais condições de preço. Alguns produtores do município que já cultivaram guaraná no passado, há cerca de 20 anos, e deixaram a atividade, agora querem retomar, e outros querem ingressar pela primeira vez nessa produção.

No estudo “Avaliação de viabilidade econômica de produção de guaraná no município de Itacoatiara-AM”, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Olenilson Pinheiro, foram entrevistados 32 produtores de 15 comunidades da área rural de Itacoatiara. Desse total de entrevistados, 94% está interessado em produzir a fruta. Dentre esses produtores, 53% já plantaram guaraná no passado e 47% nunca plantaram. Outro dado importante é que 69% dos produtores entrevistados informaram que não recebem assistência técnica e outros 31% contam com assistência técnica.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, José Olenilson Pinheiro, relaciona como pontos fortes atualmente para a cultura do guaraná: a demanda aquecida e a disponibilidade de tecnologias pela Embrapa. Entre os resultados de tecnologia da Embrapa para essa cultura, existem informações que orientam o sistema de produção e cultivares de guaranazeiro que são mais produtivas que a média regional. Já foram lançadas 16 cultivares. As mais recentes são quatro: BRS Cereçaporanga, BRS Andirá, BRS Mundurucânia e BRS Luzeia.

Neste ano de 2013 a Embrapa Amazônia Ocidental pretende lançar mais duas novas cultivares de guaranazeiro (BRS Saterê e Marabitana). Todas têm como vantagens a alta produtividade e a resistência genética à antracnose, principal doença que ataca a cultura no Amazonas. Essas cultivares alcançam produtividade seis vezes maior que a média regional e apresentam resistência às principais doenças que afetam esses cultivos. Porém, existem desafios a serem superados para viabilizar a produção. Um deles é organizar a cadeia produtiva. “Os agricultores reclamam assistência técnica e apoio na comercialização, e também de crédito para iniciar o cultivo”, explica Olenilson.

A formação do plantio leva dois anos, com o início da produção no terceiro ano. Assim, a maioria dos agricultores precisaria de crédito para investir no cultivo de guaraná. Dentre os entrevistados, 78% possui renda média mensal entre um a três salários mínimos, e mesmo somando com os que ganham um pouco mais, chega-se a uma a maioria (97 %) que tem renda média mensal abaixo de cinco salários mínimos. A origem dessa renda vem em maior parte (94%) da agricultura.

O pesquisador Olenilson explica que com o uso de informações técnicas decorrentes da pesquisa da Embrapa, o agricultor com investimento de R$ 12 mil em um hectare com 400 plantas de guaraná consegue obter um rendimento de 600 quilos por hectare, com uma produtividade média por planta de 1,5 kg. O preço médio pago atualmente pelo quilo é de R$ 25,00 e o faturamento médio, após o terceiro ano é de R$ 15 mil. Ou seja, o produtor obtém o retorno do capital investido logo na primeira safra, com um incremento líquido de R$ 3 mil na renda do agricultor em cada safra. “Isso mostra que usando corretamente as tecnologias da Embrapa com os tratos culturais adequados, essas tecnologias são viáveis economicamente para o agricultor familiar, principalmente porque o guaraná pode ser consorciado com outros tipos de culturas”, afirma Olenilson.

O objetivo do estudo “Avaliação de viabilidade econômica de produção de guaraná no município de Itacoatiara-AM” foi analisar a dinâmica socioeconômica da agricultura familiar em comunidades do município de Itacoatiara, buscando identificar fatores que representam barreiras e potencialidades à produção de guaraná como alternativa de renda para os produtores locais.

Foram analisados fatores limitantes e potencializadores, considerando aspectos do contexto socioeconômico do entorno, a infraestrutura básica, os sistemas de produção, a organização produtiva, assistência técnica e organização política. As informações do estudo destinam-se a gerar subsídios para contribuir para elaboração de politicas de desenvolvimento local e auxiliar na tomada de decisão visando melhorias para as comunidades rurais.
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