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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Esgotamento de minas reduz produção de fertilizantes

A redução do potencial produtivo das minas de fósforo e potássio no País foi um dos principais motivos para o recuo de 4,3% na produção de fertilizantes minerais no ano passado, que chegou ao total de 9,3 milhões de toneladas, o menor nível desde 2009, segundo David Roquetti, diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).


Foi a segunda queda produtiva consecutiva. No ano anterior, a produção ficou um pouco acima das 9,7 milhões de toneladas de adubos NPK, um volume 1,4% menor que o de 2011.

A última vez em que a produção foi tão baixa foi em 2009, quando o volume de adubos minerais retirados do solo brasileiro foi de 8,37 milhões de toneladas.

O maior recuo ocorreu na produção do fertilizante à base de potássio, de 10,4%. Segundo Roquetti, a mina de Taquari-Vassouras, em Sergipe, pertencente à Vale, está com sua vida útil no fim. "Não se sabe em quanto tempo, falava-se em dois ou três anos, mas a produção está praticamente encerrando", aponta. A mina, pertencente à Vale, é a principal fonte de potássio do País.

No caso de fósforo, o recuo na produção foi de 3,6%. Nesse caso, o problema também é com as minas. Segundo o diretor da Anda, elas estão ficando cada vez mais profundas, o que demanda investimentos crescentes para retirar o minério da rocha.

Diferentemente de outros países, no Brasil o fósforo encontra-se em rochas ígneas e, portanto, de mais difícil extração, o que ainda demanda enriquecimento posterior. Na maioria dos países produtores, o fósforo é encontrado de forma mais concentrada em rochas sedimentares.

Também houve queda na produção de fertilizante à base de nitrogêneo, de 5,2%. "Isso basicamente é [resultado de] paradas de manutenção", atesta Roquetti. A Petrobras é a maior fornecedora nacional de fertilizantes nitrogenados do País. Antes de 2013, a produção de fertilizantes nitrogenados vinha registrando estabilidade nos 20 anos anteriores.

Baixa competitividade

O recuo na produção de todos os tipos de fertilizante no País também é fruto, segundo Roquetti, da baixa competitividade do setor nacional ante os fornecedores estrangeiros. Atualmente, o Brasil importa adubo mineral sem nenhuma alíquota de importação e tem isonomia de ICMS. A única obrigação tributária dos importadores de fertilizantes é o pagamento do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), que é de 25% no caso das embarcações que saíram de outros países.

Já o produtor nacional paga uma alíquota de 8,4% de ICMS e mais 2% de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, conforme exigência constitucional. "Dá uma diferença de competitividade de 10,4% em relação aos importados", reclama o diretor da associação.

Importação recorde

O recuo da produção só fez aumentar o volume importado de fertilizantes minerais, já que a produção agrícola não tem parado de crescer e tem demandado volumes maiores de adubo. No ano passado, o volume de fertilizantes minerais comprados de fora do País totalizou 21,6 milhões de toneladas, um recorde histórico. A diferença ante 2012 é 10,6% maior. Segundo nota da Anda, a importação de fertilizantes nitrogenados subiu 15,9%, os fosfatados, 20,5% e os potássicos, 3,7%.

Já a comercialização em geral cresceu 5,2%, com 31 milhões de toneladas vendidas no ano.

O aumento das quantidades de fertilizante comprado no exterior intensificou o déficit de importação, já que em 2013 o dólar comercial registrou valorização de 15,22%.

De acordo com associações e institutos ligados a produtores rurais, os adubos minerais foram os principais vilões da elevação de custos da produção rural.
Em Mato Grosso, por exemplo, os custos com macronutrientes já estão 18,22% maiores na safra 2013/2014 na comparação com a safra passada, ainda de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea).

Possibilidade de reversão

Os investimentos previstos pelas grandes companhias mineradoras do País indicam que a produção de fertilizantes pode se recuperar no médio prazo. Roquetti prefere não traçar estimativas para este ano, mas cita a projeção da consultoria GO Associados de produção de pouco mais de 9,8 milhões de toneladas de adubos minerais. Na comparação com 2013, o resultado seria um avanço de 5,4%. Apesar da recuperação, ainda seria abaixo do recorde histórico atingido em 2011, quando as minas brasileiras produziram 9,8 milhões de toneladas.
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