Olhar Agro & Negócios

Quarta-feira, 17 de julho de 2024

Notícias | Agronegócio

Verduras, legumes e frutas têm forte alta no mercado paulista

No caso dos legumes, a valorização média chega a 20%, e algumas frutas também estão cerca de 30% mais caras. E, além de pagar mais, os consumidores estão tendo que se contentar com produtos de pior qualidade em muitos casos.


Se as altas médias já são expressivas, num claro de sinal de que os hortifrutícolas em geral exercerão grande pressão nos índices inflacionários neste mês, no caso de alguns itens as disparadas na Ceagesp impressionam. A alface lisa extra, por exemplo, já subiu 142%, enquanto o pimentão verde aumentou 121% e o brócolis, 80%. Esse cenário vale para outras regiões do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste que também têm sofrido com a atual onda de calor.

"Sempre esperamos um pico de preços em janeiro porque ou calor é grande ou o excesso de chuvas destrói as verduras. Mas este ano foi atípico, com uma seca imensa e temperaturas elevadíssimas", diz Josmar Macedo, assistente executivo da área econômica da Ceagesp. "As verduras estão pequenas e amareladas", afirma.

Mesmo nessa situação, há varejistas de outros Estados buscando alimentos no entreposto de São Paulo. "A seca é tão grande em algumas regiões que, mesmo com qualidade baixa, estamos fornecendo para supermercados do Espírito Santo e de Minas Gerais".

Em algumas regiões, a seca tem sido tão aguda que foi preciso parar de produzir. A Jacareí Agricultura, que tem a alface como seu carro-chefe em plantações em Santa Isabel, Andradas, Jarinu e Jacareí, no interior paulista, não cultiva um único pé há três semanas. "Não temos mais água para irrigação em nenhuma das propriedades. E não adianta contratar caminhões-pipa, porque o abastecimento é caro e dura dois dias, enquanto as alfaces precisam de umidade todos os dias", afirma Ricardo Lopes, proprietário da empresa.

Ele diz que ainda não calculou seus prejuízos financeiros porque o plantio de hortaliças e verduras tem custos muito variados e a contabilidade é feita sempre depois de alguns meses. "Saberei meu prejuízo daqui dois ou três meses, mas já posso dizer que perdemos 70% da nossa produção de verão. Não fornecemos nem metade do que nossos clientes precisavam e ainda tivemos aumento de custos", lamenta Lopes. Além de vender sua produção na Ceagesp, a Jacareí Agricultura atende redes varejistas como Walmart e Sondas.

Em condições normais, a Jacareí produz cerca de 1 milhão de pés de alface por mês. Com o tombo da produção, Lopes afirma que tentou buscar produtos em outros Estados para atender seus clientes, mas que o custo de transporte inviabilizou a negociação. "Com a colheita, lavagem, embalagem e o frete, a alface chegaria ao mercado, sem que eu tivesse lucro, a cerca de R$ 4 para o consumidor. Ninguém iria querer comprar". Para se ter uma ideia, em dezembro o custo de produção da Jacareí para cada pé de alface ficava entre R$ 0,90 e R$ 1,20, o que permitia ao varejista vender a alface de R$ 1,10 a R$ 2.
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