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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

Notícias | Agronegócio

Estudo da EPAMIG indica até 45% de café chocho em algumas áreas

Produtor de café Márcio Diogo mostra um grão de café que não se desenvolveu em decorrência da seca, em um plantação no município de Santo Antonio do Jardim, em São Paulo


Enquanto a exata dimensão dos expressivos prejuízos causados pela seca aos cafezais de Minas Gerais ainda é incerta, um estudo do governo mineiro aponta para problemas de qualidade em boa parte do café arábica da principal região produtora do Estado, com índices de até 45 por cento de grãos chochos em algumas áreas.

O estudo da Epamig, da Secretaria Estadual de Agricultura, indicou o maior índice de grãos chocos --avariados ou secosem fazenda do governo em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, região que é a principal produtora do Estado que responde por cerca de metade da produção do Brasil, líder global no mercado de café.

Depois de Três Pontas, com um índice de grãos chochos de 45 por cento, a pior situação foi verificada em Machado, também no Sul de Minas, com 25 por cento de café de qualidade inferior; São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas) registrou 20 por cento; Lavras, 12 por cento; e Patrocínio (Cerrado Mineiro), 7,7 por cento.

Em anos normais, o teste apontaria menos de 5 por cento de frutos chochos.

"Essa é a uma visão da situação atual, ela pode ser amenizada ou agravada... Se as chuvas retomarem, o que perdeu está perdido, mas pode amenizar para 2015, porque ainda temos pelo menos 60 dias de crescimento vegetativo (para a próxima safra)", disse o coordenador do programa de Cafeicultura da Epamig, Gladyston Carvalho, em entrevista à Reuters.

As preocupações com o tamanho da safra do Brasil levaram os preços do café arábica na bolsa de Nova York a uma máxima de mais de 16 meses nesta terça-feira, a 1,8125 dólar por libra-peso.

Os volumes de chuvas previstos para as principais regiões produtoras de Minas Gerais variam de 1 a 3 milímetros, por dia, até o início do próximo mês.

As amostras de café do estudo foram obtidas em fazendas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em regiões que representam 75 por cento da produção do Estado.

"O Sul de Minas foi muito afetado", acrescentou Carvalho, referindo-se à região que produz cerca de metade do café do Estado.

Antes da seca, a safra de café do Brasil havia sido estimada, em média, em 48,3 milhões de sacas de 60 kg, com o Sul de Minas respondendo por 13,7 milhões de sacas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O pesquisador explicou que o teste de qualidade do café realizado pela Epamig foi relativamente simples.

Os pesquisadores colocaram os grãos em uma vasilha com água, e aqueles que boiam estão chochos (ou só tem café de um lado, ou não tem nada --só a cascaou tem café pouco desenvolvido, mal formado).

Esse tipo de café de qualidade inferior, quando comercializado, remunera menos os produtor. O agricultor ainda pode ter gastos na colheita para colher um café sem polpa, sem valor comercial.

Embora tenha evitado fazer previsões, acreditando que um volume de colheita só poderá ser efetivamente aferido quando o produto estiver beneficiado, o pesquisador disse que é "fato concreto" que a safra nacional terá uma redução de 10 por cento, considerando números do Sul de Minas.

"É muito cedo para falar quanto vai colher, o fato é que afetou. Está comprometida a qualidade também, isso está sendo amenizado em função dos preços, mas nem todo mundo tem café para vender", afirmou Carvalho.

Ele disse que a Epamig fará mais dois levantamentos do gênero.

Segundo o pesquisador, apesar da seca, o Brasil ainda produzirá café de qualidade, mas a proporção será menor na comparação com anos anteriores.
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