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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

Notícias | Agronegócio

Cresce demanda por polpa cítrica e pecuaristas de São Paulo enfrentam falta do suplemento

A pior estiagem das últimas décadas em São Paulo já causou enormes prejuízos ao produtor de interior do Estado. Porém, há um setor que conseguiu lucrar com a seca: a indústria da polpa cítrica. O suplemento, muito utilizado na alimentação de bovinos, virou um item muito procurado ao longo dos meses. A demanda pelo produto cresceu tanto neste ano que está faltando no mercado.


A tonelada da polpa cítrica está sendo vendida, em média, por R$ 65,00. Levando em conta que só 20% da tonelada serve para o produtor, o preço real sobe para R$ 300,00. Para quem está comprando entre 15 e 20 toneladas por mês, desde janeiro, a conta fica mais pesada.

– A polpa cítrica é um excelente alimento, fonte energética muito rica em proteína e cálcio. Mas aumenta o custo de produção, porque o alimento mais barato para o gado é o pasto – explica o engenheiro agrônomo Décio Leite.

O problema é que, com o aumento na demanda, não está sendo fácil encontrar a polpa cítrica de um dia para o outro. Ao contrário, em alguns lugares há fila de espera, com encomendas feitas até o fim do ano.

– A seca obriga o pecuarista a utilizar subprodutos. A demanda pela polpa cítrica aumentou sensivelmente na nossa região. Os produtores não tinham pastagem e tiveram que comprar a polpa – comenta Leite.

O pecuarista Paulo Sérgio Torina, do município de Saltinho, localizado no interior de São Paulo, utilizava a polpa de laranja na alimentação do gado somente no mês de junho, quando o pasto começava a sentir a falta da chuva. Neste ano, entretanto, ele precisou antecipar o uso do suplemento em seis meses, desde janeiro Torina está comprando a polpa cítrica, o que gerou um custo maior.

– Por causa da falta de chuvas, não tem pasto para o gado comer. O animal tem que se alimentar e, por isso, nós temos que antecipar a compra da polpa. É muito complicado, porque isso eleva o custo e o gado perde peso. Se não gastar com isso, não tem como continuar produzindo – lamenta o pecuarista.

• Matéria-prima da indústria, ureia reforça a dieta do rebanho na seca

O município de Saltinho tem, em média, 100 pecuaristas enfrentando a mesma situação. Para tentar amenizar os gastos, os pecuaristas estão misturando cana e ureia na alimentação dos bovinos.

– Misturamos tudo: a cana, a ureia, a polpa e um pouco de milho in natura. Ninguém fica esperando por um mal destes, mas com a natureza não se brinca. Temos que encarar os problemas e ter um aumento no custo de produção entre 30% e 40% – afirma Torina.
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