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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

Notícias | Agronegócio

Supersafra embala exportações de soja no RS, mas câmbio instável freia euforia

Aumento de 14% na produção da oleaginosa deve fazer com que Estado amplie significativamente volume negociado. Embalada pela perspectiva de supersafra, a soja colhida nas lavouras gaúchas aposta no câmbio favorável e na expectativa de produção 14% maior para impulsionar as exportações. Historicamente, o segundo trimestre (abril a junho) é a principal janela de negócios internacionais para a oleaginosa do Estado. E neste ano não é diferente.


– O preço em dólar está um pouco mais baixo do que no ano passado, mas o câmbio tem compensado. Com maior quantidade colhida, a projeção é de bons resultados em dólar e melhor ainda em reais – frisa Farias Toigo, analista de mercado da Capital Corretora.

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, concorda e cita o resultado no primeiro trimestre do ano como termômetro. Ele observa que, apesar de hoje a cotação do bushel (valor de 27,215 quilos na bolsa de Chicago, que baliza o preço internacional) ser inferior à do mesmo período de 2014, o complexo soja (grão, farelo e óleo) teve alta de 32,23% em toneladas e de 4,87% no valor em dólares exportado em relação ao ano passado:

– As exportações do agronegócio, em que a soja é carro-chefe, podem até crescer dois dígitos.

Mas a economia instável faz com que o otimismo não seja unânime. Para o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Rodrigo Feix, a redução do bushel de cerca de US$ 12 para em torno de US$ 9,5 e o fato de a média paga pela tonelada de soja em grão ter caído de US$ 518 (todo o ano passado) para US$ 393 (1º trimestre de 2015) são sinais de que, apesar da quantidade maior, o valor em dólares tende a ser menor:

– O aumento em quantidade dificilmente compensará. Tenho previsão de que as exportações do complexo soja devam recuar em 20% em dólar, para algo em torno de US$ 4,2 bilhões.

Feix pondera, entretanto, que se o câmbio mantiver o patamar atual, o valor em reais será superior, especialmente diante da projeção de que sejam exportadas 8,1 milhões de toneladas neste ano, contra 7,7 milhões em 2014:

– Hoje, os estoques de passagem do produto no mundo estão em nível bastante elevado. São fatores que tendem a deprimir os preços internacionais. Caso ocorra alguma frustração de safra, porém, os preços tendem a subir.

Toigo pondera que há uma tendência de que o preço internacional da soja ultrapasse US$ 10.

– O dólar deve recuar até cerca de R$ 2,85, mas depois tende a subir novamente. Se a cotação média se mantiver em R$ 3 no ano, será excelente para o produtor. Bastará administrar e vender aos poucos.

Logística é um desafio na disputa com os EUA

Para Toigo, entretanto, o principal fator é que há demanda crescente por soja. Segundo ele, a China – principal comprador – deve importar do Brasil neste ano cerca de 36 milhões de toneladas, sem contar que a safra mundial de soja, diz, deve alcançar 300 milhões de toneladas e dobrar em 10 ano:

– A demanda é forte, e o mundo precisa da soja, que é o carro-chefe e seguirá sendo.

Luz ressalva que, para disputar mercado com os americanos, é preciso melhorar a logística, uma vez que, além das precárias condições no Brasil, os Estados Unidos exportam com mais agilidade.

– Hoje, com 10 barcaças, os americanos enchem um navio. Aqui, precisamos de 1.111 caminhões bitrem. Se a gente consegue colocar nossa safra rápido no mercado, passa a ter maior liquidez. É vital para não perder espaço.
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