Na semana passada, analistas de um banco de investimentos recomendaram ao mercado a compra de ações de frigoríficos, sob o argumento de que o preço dos grãos (milho, principalmente) está cedendo e deve aumentar a competitividade das empresas dependentes dessas matérias-primas.

Além de simplista, a análise soa equivocada. Pois se a rentabilidade da produção animal estivesse diretamente atrelada ao custo de suas matérias-primas, em algumas ocasiões passadas o setor teria “rachado o bico de ganhar dinheiro”. E nunca foi assim.

Matéria-prima de baixo custo conduz, quase automaticamente, a uma produção animal irresponsável. O capital exigido e o risco financeiro, nesses casos, são bem menores – compensa arriscar. E até produtores agrícolas (poucos, atualmente), tentando driblar o baixo preço recebido por seus grãos, procuram agregar algum valor ao produto e optam pela criação. Resultado: alta oferta do produto e, a despeito do menor custo, retorno financeiro baixo, quando não negativo.

Em 2013, com certeza, os frigoríficos (e, por decorrência, seus acionistas) obterão bons resultados. Mas não será por conta da acomodação de preços das matérias-primas e, sim, porque - forçada pela explosão de custos de 2012 - a capacidade de produção foi sensivelmente reduzida. Isso, apenas, antecipa que as disponibilidades finais estarão muito mais adequadas a um mercado consumidor sabidamente recessivo, garantindo o retorno dos investimentos efetuados.