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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Agronegócio

Soja pressiona preços mais que câmbio e IGP-M sobe 0,75% em junho

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que chegou a 0,75% em junho, após ter ficado estável na leitura anterior, foi em grande parte impulsionado pelo aumento da soja e, em menor grau, pela desvalorização de 5% do real em relação dólar no período de coleta, entre os dias 21 de maio e 20 de junho, na avaliação de Salomão Quadros, superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).


Com peso de 60% no indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), após dois meses de deflação, subiu 0,68% em junho, com importante contribuição, de 0,78 ponto percentual no mês, do complexo soja. Em junho, o grão subiu 11,38%, ante variação de 3,11% em maio, principalmente por causa de especulações em relação ao potencial da safra americana, que deve ser colhida entre agosto e setembro, e em menor parte por causa do câmbio.

Em um cenário hipotético, em que o preço da soja e derivados não tivesse variado em junho, mas o câmbio registrasse desvalorização, o IGP-M teria subido 0,3% na medição atual, segundo Quadros.

O economista do Ibre fez o mesmo exercício considerando o câmbio estável e alta do preço do grão, acompanhando a tendência na Bolsa de Chicago. Nesse caso, a variação do IGP-M no período teria ficado em torno de 0,6%, o que, na avaliação de Quadros, evidencia a contribuição maior da alta da soja para a aceleração do índice. "A alta de 0,75% do IGP-M é menos preocupante do que parece, porque foi bastante concentrada".

Outros produtos agropecuários, mesmo em deflação, estão em aceleração e contribuíram para o avanço de 1,01% do IPA-Agro em junho, ante queda de 1,98% em maio, diz Quadros. Para os preços industriais, que aceleraram de 0,34% para 0,56% na passagem mensal, o superintendente avalia que o impacto da desvalorização cambial não foi relevante. Em cálculo que exclui materiais para a indústria alimentícia, como farelo de soja, que subiu 18,34% no mês, os materiais para a manufatura, como produtos químicos e siderúrgicos, mais sensíveis a variações do câmbio, caíram mais em junho.

De todo modo, a reversão da tendência de queda de preços agrícolas deve chegar no varejo, tornando mais complicado o processo de desaceleração da inflação ao consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), com peso de 30% no indicador, passou de 0,33% para 0,39% no período, sob o efeito dos reajustes de tarifas de ônibus, que devem ser devolvidas na próxima leitura, com a suspensão de aumentos no Rio e em São Paulo.

A alimentação subiu menos em junho (0,23%) do que em maio (0,36%), devido a itens como hortaliças e verduras. "A desaceleração está associada aos preços in natura, que são instáveis. Com grãos voltando a subir, é uma dificuldade adicional para perda de força da inflação ao consumidor".
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