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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Produtores investem na produção de eucaliptos em Caçapava do Sul

Produtores investem na produção de eucaliptos em Caçapava do Sul


A produção de eucaliptos está beneficiando mais de 20 produtores do município de Caçapava do Sul. Na última semana, os produtores receberam o primeiro pagamento correspondente ao Programa Poupança Florestal, implantado em novembro de 2005. O programa engloba 280 produtores rurais e uma área de floresta de eucaliptos com mais de 13 mil hectares, nas regiões da Campanha, Sul e Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Oswaldo Louzada a discussão sobre um programa de silvicultura na região começou em 1984 com a criação da Área Piloto, que abrangia os municípios de Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista. Para a escolha do local, o programa levava em consideração o tipo de solo, topografia e alto consumo de madeira. Após um período, surgiu a possibilidade da implantação do programa Poupança Florestal, permitindo aos produtores diversificar a matriz produtiva, que até então era a pecuária. Para Louzada, essa diversificação permitiu agregar valores a unidade produtiva, com a possibilidade de, após sete anos, o produtor investir na propriedade os recursos oriundos da venda da madeira.

Para Paulo Selso Pazinato Zago, da localidade da Coxilha do Lobato, em Caçapava do Sul, beneficiário do programa, os resultados superaram as expectativas tanto em volume de madeira quanto em valor recebido. “Fui um dos pioneiros do programa. Recebi muitas críticas. Os produtores vizinhos diziam que a plantação não seria boa, mas hoje estou muito satisfeito”, declara Zago. Na propriedade, a floresta possui 9,58 hectares e produção de 382m³/ha, com idade de sete anos e meio. “Vi na plantação dos eucaliptos, uma alternativa de renda, já que os solos têm baixa fertilidade e eu não conseguiria aproveitar para outras culturas”, afirma o produtor. Além disso, ressalta que houve uma valorização da propriedade e que a pecuária e a agricultura não dariam os mesmos lucros que está tendo com os eucaliptos. “Foram utilizadas áreas ruins, então não me prejudicou em nada. Continuei com a mesma lotação de gado e de ovinos”, finaliza Zago.

Outro participante do programa, o produtor Hélvio Jesus Silveira Bitencourt, que possui uma propriedade com 37 hectares, também na localidade da Coxilha do Lobato, tem uma área de 10,54 hectares com eucaliptos, com produção de 390m³/ha. Bitencourt afirma que a primeira vantagem do programa é a garantia da compra e o preço acertado em contrato, algo que não acontece nas outras atividades. Além disso, fala sobre a preocupação com o meio ambiente e responsabilidade social, temas defendidos pela empresa Fíbria, parceira na implantação do programa junto com a Emater/RS-Ascar e a prefeitura de Caçapava do Sul. “Eu entrei no programa porque tinha a Emater, pela confiança e credibilidade que tenho na Instituição”, relata Bitencourt. O valor recebido surpreendeu o produtor, que irá investir em outras atividades.

Outro fator de relevância abordado pelos dois produtores é a secagem do solo. Para eles, há o mito que o eucalipto seca as áreas onde se encontra. Zago e Bitencourt observaram que isso não ocorre. Conforme o engenheiro florestal da Emater/RS-Ascar Rodolfo Forgiarini Perske há pesquisas que comprovam que o eucalipto necessita da mesma quantidade de água que as demais árvores. Além disso, destaca que o eucalipto é mais eficiente na conversão em madeira, por esse motivo é a espécie mais plantada.

Segundo Leonardo Santos de Souza, supervisor líder do Poupança Florestal da Fibria, no Rio Grande do Sul, no início do programa, os produtores tiveram algumas dificuldades, como a estiagem. Apesar disso, a produção superou as expectativas. Souza ressalta a importância da parceria entre Fibria (antiga Votorantim Celulose e Papel) e Emater/RS-Ascar. O supervisor fala ainda que a empresa continua com todos os contratos no Rio Grande do Sul e que os pagamentos estão sendo efetuados conforme o vencimento.

Pagamento

O primeiro pagamento realizado pela Fibria aos produtores corresponde a 75% da produção de madeira da floresta. No caso do produtor Paulo Zago, o rendimento foi R$ 761,00 ha/ano, em uma área de 9,58 hectares. Já para Hélvio Bitencourt, com área de madeira plantada de 10,54 hectares, o rendimento chegou a R$ 975,00 ha/ano. O restante do pagamento ocorrerá na colheita da madeira, que poderá acontecer em até três anos.

No segundo pagamento, haverá o reajuste de 9% ao ano, sobre o valor acertado pela madeira. A expectativa é que em três anos, quando a floresta estiver com dez anos e meio e for retirada, a produção de madeira na propriedade de Bitencourt será de 470m³/ha. Dessa forma, a projeção é que o rendimento chegue a R$ 1.034,00 ha/ano, já que o financiamento já foi abatido no primeiro pagamento.

Os lucros da silvicultura podem ser percebidos quando comparados a outras atividades. Na propriedade de Bitencourt são criados novilhos. O rendimento do produtor para cada 50 kg/ha/ano é de R$ 165,00 ha/ano. Dessa forma, observa-se que o ganho com a plantação de eucaliptos superou em, aproximadamente, seis vezes o valor da atividade anterior.

Programa Poupança Florestal

Poupança Florestal é um programa de incentivo à plantação de eucalipto para agricultores que possuem propriedades rurais na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Além do Rio Grande do Sul, o programa contempla os estados da Bahia (Extremo Sul), Espírito Santo e São Paulo.

Na região, a Fibria realizou uma parceria com a Emater/RS-Ascar. A empresa possibilitou aos produtores acesso a financiamento bancário, mudas de qualidade genética, garantia de comercialização da madeira e educação ambiental. A Emater/RS-Ascar realizou o projeto para acesso ao financiamento, capacitação de produtores e prestadores de serviço e a assistência técnica e teve apoio da prefeitura de Caçapava do Sul.

O objetivo do programa é a geração de renda, preservação do meio ambiente e a sustentabilidade no campo, já que permite a diversificação nas propriedades, com a implantação da floresta e a continuidade na produção de alimentos e pecuária.

Curiosidades

Um hectare de plantio de eucalipto produz, aproximadamente, o mesmo volume de madeira que 30 hectares de floresta nativa. Dessa forma, permite-se que a cada hectare de eucalipto plantado, preserve-se 30 hectares de floresta nativa.
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