Integrar produção agrícola com a pecuária e o plantio de floresta é um desafio para os produtores rurais de Mato Grosso. A chamada integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) desponta como a principal alternativa para integrar diferentes atividades de produção e aumentar a renda do produtor mato-grossense. O assunto será tema do terceiro encontro do projeto Futuros Produtores do Brasil, que será realizado no dia 27 de julho, na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte. A propriedade desenvolve a iLPF em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril há cerca de cinco anos e é considerada modelo no desenvolvimento desta prática.
Com uma área de 2.420 hectares, a fazenda Gamada está localizada no bioma amazônico. Em uma área de pouco mais de 100 hectares estão instalados sistemas iLPF com diferentes configurações e com quatro espécies florestais distintas: eucalipto, pinho cuiabano, teca e pau de balsa. A propriedade também destina 800 ha para produção de soja e 400 ha para o milho, além de pecuária. Segundo o proprietário e presidente do Sindicato Rural de Nova Canaã do Norte, Mário Wolf, a propriedade está indo para o quinto ano de experimento da iLPF. "Já existem dados que comprovam que, dependendo da finalidade que você quer dentro da propriedade, ela é totalmente viável, pois permite tanto o desenvolvimento da pastagem quanto da lavoura. O sombreamento das árvores garante ganho de peso aos animais e a madeira pode ser utilizada na confecção de cercas e produção de lenhas. Acho que realmente é uma nova opção", avalia Wolf.
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, integrar produção agrícola com a pecuária e o plantio de floresta é um desafio para os produtores rurais de Mato Grosso. "A iLPF é o futuro da agropecuária brasileira, sendo muito importante que os futuros produtores aprendam mais sobre o assunto que permite diversificar a produção, integrando a agricultura e a floresta, sem diminuir a criação de gado e agregando valor à produção", destaca Prado.
O projeto - Trinta jovens, filhos de produtores rurais e empresários ligados ao agronegócio, participam do projeto Futuros Produtores do Brasil, desenvolvido pela Famato e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT).
Para o proprietário da fazenda Gamada e presidente do Sindicato Rural de Nova Canaã do Norte, Mário Wolf, incentivar os jovens a conhecer a produção e o trabalho nas propriedades da família deve começar desde cedo. "Tenho um filho que trabalha comigo na gestão dos negócios e desde cedo procurei incentivá-lo. O mesmo estou fazendo agora com meus três netos que, apesar de ainda serem crianças e morarem em grandes cidades, vêm para a fazenda durante as férias. Acho importante que este incentivo comece desde cedo. O projeto Futuros Produtores do Brasil é bastante interessante pois estimula os filhos dos produtores a ficar na fazenda e a ajudar os pais no desenvolvimento do trabalho construído há anos na fazenda", destaca Wolf.
"Queremos despertar nesses meninos e meninas a paixão pela agropecuária e motivá-los a ter interesse em dar continuidade aos negócios da família, afinal, eles serão os futuros herdeiros e precisam saber lidar com o mercado e o cotidiano de uma propriedade", informa o diretor executivo da Famato, Seneri Paludo.
Até setembro deste ano a Famato e o Senar-MT farão mais três encontros do projeto Futuros Produtores do Brasil para apresentar aos participantes o cenário do agronegócio, pecuária e gestão profissional. O primeiro aconteceu em maio, na fazenda Filadélfia, em Campo Verde, onde os participantes conheceram mais sobre produção de grãos, algodão e piscicultura. O segundo foi realizado na fazenda Capão de Angico, em Poconé, e abordou a pecuária. Após o encontro na fazenda Gamada, dia 27 de julho, em Nova Canaã do Norte, os 30 jovens participantes do projeto visitarão, dia 05 de setembro, o Porto de Santos e no dia 06 de setembro será a vez da Bolsa de Valores de São Paulo, onde receberão informações sobre o mercado de commodities e terão noções de educação financeira e de como funcionam as exportações.
