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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Economia

Empresas de alimentos da 'Australásia' são alvo de aquisições

Empresas de alimentos e do setor agrícola da Austrália e da Nova Zelândia vêm se tornando alvos de aquisição de todo tipo de investidor, por estarem bem posicionadas para fornecer produtos a clientes asiáticos cada vez mais ricos.


Na semana passada, a canadense Saputo ofereceu 448 milhões de dólares australianos (US$ 426 milhões) pela Warrnambool Cheese & Butter Factory, maior empresa de lácteos da Austrália. A oferta da Saputo superou a de duas rivais australianas, a Bega Cheese e a Murray Goulburn Co-operative.

A australiana Lion, uma unidade da japonesa Kirin Holdings, comprou nesta terça-feira, 29, uma participação de 9,99% na Warrnambool, por um preço acima do oferecido pela Saputo. Segundo uma fonte, a Lion não pretende entrar na disputa pelo controle da Warrnambool, mas quer manter sua relação com a companhia, que é um importante fornecedor.

A Saputo disse anteriormente que a compra da Warrnambool permitiria que a companhia embarcasse produtos para a Ásia a partir da Austrália em vez da Argentina.

Ativos agrícolas na Austrália e na Nova Zelândia estão atraindo cada vez mais interessados por causa da crescente demanda asiática por alimentos, principalmente produtos de qualidade, disse Sam Prentice, chefe de consumo e varejo da consultoria Rothschild Austrália.

'No caso de produtos em que têm uma vantagem competitiva, como grãos, proteína animal e lácteos, a Austrália é cada vez mais vista como um mercado em que players internacionais querem ter presença', disse Prentice.

A Rothschild Austrália está prestando consultoria à Saputo em sua oferta pela Warrnambool.

Desde janeiro deste ano, o valor de fusões no setor agrícola da Australásia - Austrália, Nova Zelândia e as ilhas do Pacífico - totalizou US$ 1,37 bilhão, de acordo com dados da Dealogic. É o segundo maior montante já contabilizado para o período, atrás apenas dos US$ 3,17 bilhões em 2010. O número deste ano, no entanto, não inclui a compra da GrainCorp pela Archer Daniels Midland (ADM), por US$ 3 bilhões. O acordo foi fechado em abril, mas a primeira oferta da ADM foi feita no ano passado.

O apetite dos investidores se reflete nos preços das ações de empresas do setor. Desde que foram listadas, em julho, as ações da neozelandesa Synlait Milk subiram mais de 67%.

Este mês, o diretor administrativo da Synlait Milk, John Penno, e um consórcio que inclui a chinesa Shanghai Pengxin Group ofereceram 85,7 milhões de dólares neozelandeses (US$ 70,8 milhões) pela Synlait Farms, que não tem relação com a Synlait Milk.

Outras empresas de lácteos vêm tendo ótimo desempenho este ano. O valor das ações da Freedom Foods Group mais que triplicou, enquanto o da Bega Cheese mais que dobrou.

Desmond Sheehy, cofundador da Duxton Asset Management, disse acreditar que muitos investidores estão buscando oportunidades na Austrália, mas observou que há uma diferença entre 'olhar a vitrine' e 'ir até o caixa pagar'.

'Conforme a população mundial começa a se alimentar melhor, a produção tem de se tornar mais eficiente. Então, sem investimentos significativos no setor, teremos uma crise', disse Sheehy, que ajuda a administrar cerca de US$ 620 milhões em ativos.

'Espero mais fusões e aquisições ou fluxos muito grandes de capital para players existentes, para a construção de infraestrutura adicional que sustentaria o crescimento de setores como os de lácteos, açúcar, horticultura e, eventualmente, de carne bovina', disse David Williams, diretor administrativo da consultoria Kidder Williams.
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