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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Economia

Analistas projetam alta de 0,65% no IPCA-15

O grupo alimentação e bebidas deve dar a principal contribuição para a aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) em novembro, mas não será o único foco de pressão sobre o índice no período. Os economistas também projetam altas mais fortes de despesas pessoais, transportes e habitação na passagem mensal, evidências de que a inflação continua disseminada, como já foi observado na leitura anterior. Após avanço de 0,48% em outubro, a média de 20 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta que a prévia do indicador oficial de inflação acelerou para 0,65% no mês passado. O intervalo de estimativas para o IPCA-15 do período, a ser divulgado hoje pelo IBGE, vai de 0,6% a 0,7%.


Se o cenário traçado pelos economistas se confirmar, o índice acumulado em 12 meses vai voltar a subir, ao passar de 5,75% para 5,87%. Neste caso, afirmam, há pouco espaço para que a inflação neste ano seja menor que a de 2014, quando o IPCA subiu 5,84%, caso um reajuste de combustíveis seja anunciado após a reunião do Conselho de Administração da Petrobras, marcada para 22 de novembro, quando a estatal deve apresentar nova metodologia de correção dos preços. Se o governo decidir postergar esse reajuste para meados de dezembro, no entanto, é possível que o BC cumpra a meta informal estabelecida pelo governo neste ano, de entregar IPCA menor que o do ano passado, afirmam economistas.

Para Luis Otávio de Souza Leal, a inflação vai continuar a acelerar na primeira quinzena de novembro e subir 0,67% no período por causa do grupo alimentação e bebidas, que deve passar de uma alta de 0,70% em outubro para um avanço de 1,15% nesta leitura. Os alimentos, diz Leal, seguem a sazonalidade de fim de ano. As carnes, por exemplo, que têm peso relevante dentro do grupo, já vinham em ascensão nos últimos meses nos índices de atacado e vão continuar a subir no varejo. Além disso, as chuvas de verão também afetam itens mais sensíveis, como os alimentos in natura, que devem voltar para campo positivo após terem registrado deflação no terceiro trimestre.

Para o economista Fernando Parmagnani, da Rosenberg & Associados, o grupo alimentação e bebidas deve subir 0,96% no IPCA-15 de novembro, com desaceleração um pouco mais intensa da refeição fora do domicílio, de 0,94% para 0,82% na passagem mensal. A alimentação na residência deve ficar praticamente estável, passando de alta de 1,07% para 1,04%, afirma. Por outro lado, diz Parmagnani, "ao contrário de outubro, temos outros vetores importantes de aceleração". Para habitação, por exemplo, o economista projeta avanço de 1,04% neste mês, ante alta de 0,67% na leitura anterior, por causa dos reajustes de tarifa de energia elétrica e de água e esgoto em capitais como no Rio.

No caso de transportes, devido a sazonalidade desfavorável para o Etanol, com o início do período de entressafra, os preços dos combustíveis voltaram a subir em outubro e vão continuar em alta nesta leitura. Para Leal, do ABC Brasil, esse grupo também vai ser pressionado por passagens aéreas, que, após deflação de 1,99% no mês passado devem subir 7,5% em novembro.

Para Priscilla Burity, economista do Banco Brasil Plural, outro grupo, de despesas pessoais, também ajuda a explicar a projeção de alta de 0,66% do IPCA-15 em novembro. Uma das maiores fabricantes de cigarros do país reajustou preços em 14% em diversas capitais, com impacto que começará a ser observado na prévia do índice de novembro e que ficará mais acentuado na leitura para o mês fechado.

Embora a principal explicação para a aceleração esteja nos alimentos, Priscilla avalia que o pico para o avanço desses itens nos meses finais do ano deve ser observado nesta leitura. "Os IGPs já sinalizam desaceleração dos alimentos, que deve começar a aparecer no varejo entre o fim de novembro e dezembro".

Se confirmadas estas expectativas, a economista avalia que é possível ter reajuste de gasolina ainda neste ano e, ao mesmo tempo, inflação menor do que os 5,84% observados no ano passado. A data do reajuste, no entanto, será essencial. Se anunciado em meados de dezembro, os efeitos de uma alta de cerca de 5% nas refinarias ficaria diluído entre 2013 e 2014. Seria um orçamento apertado, mas ainda "caberia" na projeção atual do Banco Brasil Plural, de avanço de 5,70% do IPCA neste ano.

Leal, do ABC Brasil, projeta que, sem reajuste de combustíveis, o índice oficial de inflação vai encerrar o ano com alta entre 5,75% e 5,80%. No entanto, caso a Petrobras anuncie aumento da gasolina na reunião marcada para esta semana, quando a estatal deve propor uma nova metodologia de correção de preços, esse cenário fica mais distante. "A inflação em novembro precisaria surpreender positivamente e ficar abaixo de 0,70%, ou o reajuste teria que entrar em vigor apenas no fim de dezembro".
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