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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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JUROS: Copom eleva Selic para 10% ao ano e retira referência sobre inflação

O breve comunicado divulgado logo após a reunião foi alterado após quatro repetições consecutivas. No texto desta quarta-feira (27/11), o Copom escreveu: "Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic para 10% ao ano, sem viés".


Outubro - Em outubro: "Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic." As mudanças são sutis, com o colegiado chamando o ciclo de alta de "processo" e apontando claramente o início do aperto. Também foi suprimido todo o segundo parágrafo, que dizia: "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".

Próximos passos - As mudanças não foram feitas sem motivo, mas como não há sinalização clara, fica aberta uma temporada de especulações sobre os próximos passos do colegiado até que a ata da reunião, que será apresentada na próxima semana, traga alguma indicação.

Quebra de tabu - A volta dos juros à casa de dois dígitos representa a quebra de um tabu, já que a hipótese foi colocada em dúvida diversas vezes ao longo do ano, conforme o mercado apostava na dissonância entre o que deseja o Palácio do Planalto e o que tem de ser feito pela autoridade monetária que tem uma meta a perseguir.

Ajuste - A Selic começou a ser ajustada em abril depois de ficar na mínima histórica de 7,25% de outubro de 2012 a março deste ano. A presidente Dilma Rousseff assumiu em janeiro de 2011 com a ideia de levar o juro real para patamares civilizados de 2% até o fim do seu mandato. Tal objetivo foi atingido logo no meio de seu mantado, mas parece difícil que essa taxa seja vista em 31 de dezembro de 2014, conforme a inflação esperada até o terceiro trimestre de 2015 segue distante da meta de 4,5%.

Juro real - Hoje, o juro real, considerando o Swap de 360 dias e a inflação projetada em 12 meses, está perto de 4,3%, depois de atingir a mínima de 1,39% em dezembro do ano passado. Dilma Rousseff assumiu com juro real de 6,35% e nominal de 10,75%.

Inflação - Mesmo com essa alta do juro - real e nominal - as expectativas de inflação não cedem. De fato, pioram. Quando o Copom começou a subir os juros em abril, o IPCA estimado para o ano estava em 5,68% e para o fim de 2014 em 5,70%, com juro de 8,5% nos dois anos. Na última pesquisa Focus, com o mercado antevendo Selic de 10% neste ano e de 10,50% em 2014, os prognósticos inflacionários eram de 5,82% e 5,92% respectivamente.

Real depreciado - As expectativas não cederam, em parte, porque o real sofreu forte depreciação a partir de fins de maio, em virtude dos sinais de mudança na política monetária americana. Mas analistas têm afirmado que a batalha das expectativas, essencial dentro do regime de metas, está longe de ser vencida porque muitos agentes de mercado simplesmente não acreditam que o BC tem a autonomia necessária para levar a Selic ao patamar tido como aquele que quebraria a atual dinâmica inflacionária. Segundo essa linha de raciocínio, o BC trabalharia para não deixar a inflação acima de 6%.

Afrouxamento monetário - O tom do comunicado veio mais "dovish" (favorável ao afrouxamento monetário) que o esperado, diz Marcelo Kfoury, superintendente do departamento econômico do Citi Brasil. Para ele, a mudança sinaliza que o BC deixou em aberto uma alteração no ritmo de aperto. O economista prevê uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião em janeiro e mais uma de 0,25 em fevereiro, devendo encerrar o ciclo com a Selic em 10,75%. Para Kfoury, enquanto não houver uma diminuição da volatilidade do câmbio, o BC deve estender o programa de intervenção diária para o ano que vem.

Perto do fim - Para Mauricio Molan, economista-chefe do Santander, ao retirar a parte do comunicado que destacava os prognósticos para a inflação, o BC sinalizou que o ciclo de alta está mais perto do fim. "O BC deixa preparado o terreno para conduzir o ritmo de aperto monetário em passos mais lentos." O especialista espera uma redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião. Ele lembrou que o comunicado mencionou o início do ciclo de aperto em abril. Desde então, a Selic já subiu 2,75 pontos percentuais. "Temos que levar em consideração que a taxa básica de juros já subiu muito." O principal risco para a inflação, diz, é a tendência de depreciação da taxa de câmbio, apesar do repasse da variação cambial para a inflação ter ficado abaixo do esperado.

Incertezas - Ao redigir um texto lacônico, o BC gerou um clima de incertezas, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "É um comunicado aberto a várias interpretações. O mercado vai pegar fogo", afirma. Para ele, a supressão do parágrafo em que mencionava a inflação deixa dúvidas sobre a avaliação do Copom sobre os preços. "Não dá para saber se ele já vê a inflação claramente em declínio ou considera que é preciso esperar para uma avaliação melhor."
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