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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Economia

Após PIB fraco, bancos e consumo lideram apostas

Apesar do fraco desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre, quando o Produto Interno Bruto (conjunto de bens e serviços produzidos no país) encolheu 0,5% em relação ao segundo trimestre, as corretoras reforçaram para dezembro as apostas em ações de empresas voltadas para o mercado doméstico.


De dez carteiras, num total de 83 indicações, 62 ações são de empresas que dependem da dinâmica interna para crescer, o que representa 75% do total.

O campeão foi o setor financeiro, com destaques para os bancos.

Individualmente, a Vale volta a ser o destaque das apostas. Na carteira da Octo Investimentos, o responsável pela área de estratégia da corretora, Roberto Indech, indica dois bancos: Itaú Unibanco e Banco do Brasil.

Com o Supremo Tribunal Federal (STF) deixando para 2014 a decisão sobre o ressarcimento bilionário a investidores da poupança, o objetivo é aproveitar o aumento da taxa básica de juros.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central elevou a Selic para 10%, foi a primeira vez em quase dois anos que a taxa voltou ao patamar de dois dígitos.

- O aumento da Selic vai permitir maiores spreads (diferença entre o custo de captação e empréstimo) de bancos , melhorando os resultados - diz Indech, acrescentando que os papéis não devem sofrer a influência do julgamento no STF até fevereiro, quando pode ser decidida a disputa com os poupadores, estimada em R$ 150 bilhões.

MERCADO DE OLHO NO DÓLAR

Os papéis preferenciais (sem voto) do Itaú Unibanco aparecem quatro vezes nas carteiras, seguidos dos ordinários (ON, com voto) do Banco do Brasil e da BB Seguridade, com três recomendações cada. Essa ações acumularam de janeiro a novembro, ganho de 11,39%, 9,52% e 14,81%, respectivamente.

Setores como alimentos, educação e comércio também aparecem nas sugestões. O destaque fica para a fabricante de bebidas Ambev, em quatro de dez carteiras.

Em seguida, estão Cosan (combustíveis), Grendene (calçadista) e Pão de Açúcar (supermercados) em três cada.

Antonio Góes, analista da TOV, afirma que, apesar da discussão sobre o esgotamento do modelo de crescimento da economia baseado em consumo e da expectativa de desaceleração do setor nos próximos anos, o processo está mais ligado a bens duráveis.

O segmento de alimentos e bebidas vai continuar com resultados positivos.

- Temos Ambev na carteira, e isso tem a ver com o forte desempenho no fim de ano, com o calor, quando cresce a venda de bebidas. E temos Pão de Açúcar, já que alimentos seguem com vendas fortes - diz o analista.

Na Geração Futuro, a carteira tem apostas na Cosan e Cielo, por exemplo. O analista Felipe Ruppenthal explica que a estratégia é ser defensivo no mês.

- Dezembro costuma ser um mês positivo para o mercado, com esse clima de consumo para o fim de ano. Mas o momento ainda exige cautela e, por isso, temos papéis defensivos, como Odontoprev, na área de saúde.

Mesmo com o maior peso de empresas voltadas à economia doméstica, a maioria das carteiras abriu espaço para exportadoras.

Um dos motivos é o câmbio.

Parte do mercado acredita que, com a aproximação da retirada dos estímulos monetários nos EUA, o dólar tende a se valorizar frente ao real e melhorar o resultado de exportadoras. Mineração e siderurgia são destaques.

A Vale está recomendada em oito das dez carteira consultadas, todas com suas ações preferenciais de classe A. É individualmente a maior aposta para o último mês do ano. Estes papéis caem 15,07% no ano até o fim de novembro, afetados principalmente por dados da China.

- Houve uma importante mudança no cenário para a companhia, que foi a definição acerca de sua adesão ao Refis, como forma de pagamento de débitos tributários cobrados pelo governo.

Ainda que a adesão por si só seja ruim, ela propiciou a redução de 50% do total devido pela Vale - diz William Castro Alves, analista- chefe da XP Investimentos.

Apesar da grande decepção do mercado com o tamanho do reajuste dos combustíveis - de 4% na gasolina e 8% no óleo diesel na refinaria - e do modelo pouco transparente escolhido pelo governo para futuros aumentos de preço, a Petrobras aparece em quatro das dez carteiras de dezembro.

Um dos motivos é que as ações ficaram relativamente baratas após o tombo recente.

O Ibovespa, principal índice de ações do país, acumula queda de mais de 15% neste ano, próximo dos 50 mil pontos, e bem distante dos 60 mil pontos previstos no início do ano.
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