Com a inflação em alta, outra grande questão em pleno ano eleitoral é a condução da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central (BC). Analistas acreditam que o ciclo de alta deve ser interrompido ainda no começo deste ano, mesmo sem a inflação convergir para a meta de 4,5%. Há possibilidades, porém, de o Comitê de Política Monetária (Copom) aproveitar as reuniões de novembro e dezembro, após a eleição, para retomar a postura mais austera.

A subida dos juros no ciclo iniciado em abril de 2013 foi um remédio amargo para Dilma, que tinha como bandeira política a redução da Selic. Em agosto de 2011, a taxa foi cortada de 12,5% para 12% - no mesmo mês, a inflação acumulada em 12 meses bateu em 7,23%, acima da meta. Foi o início de um longo caminho que acabou reduzindo os juros a 7,25% ao ano em outubro de 2012, a menor taxa da história do País.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco safra e ex-secretário do Tesouro, a dinâmica eleitoral cobrado BC uma política mais neutra. Isso implica restrição no calendário, que fará com que ele interrompa o ciclo mais cedo. Na projeção de Kawall, é provável que a Selic sofra mais um ajuste de 0,5 ponto, para 11%, com pequena possibilidade de mais 0,25 ponto. Caso a política fiscal não colabore, ele não descarta outro ajuste após as eleições.

As expectativas são de que a inflação atinja o pico em junho e julho. "Mas acredito que o BC vá esperar para ver", aposta o economista e decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio, Luiz Roberto Cunha.

Para devolver a inflação à meta, contudo, a Selic deveria ir além do que já está na conta dos analistas. Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC e sócio-diretor da Schwartsman& Associados, acredita que só 13% ao ano cumpriria o compromisso, e isso só em 2015. Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, seriam 14%.