Dados do Banco Central (BC) mostram que as linhas de crédito voltadas para pessoas físicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceram bastante em 2013. No acumulado até novembro do ano passado, o saldo total de crédito foi de R$ 35,2 bilhões, alta de 23,7% em relação ao mesmo período de 2012.
O financiamento agroindustrial continua como principal linha de crédito para pessoas físicas. Em novembro do ano passado, o saldo foi de R$ 25,6 bilhões, alta de 23,7% em relação ao mesmo período de 2012. Apesar disso, o financiamento para investimentos com saldo de R$ 9,6 bilhões no mesmo período ganhou terreno com alta de 25% na mesma base de comparação.
Em seu site, o banco informa que existem quatro linhas disponíveis para pessoas físicas: pessoa física associada a cooperativas agropecuárias, pesqueiras, educacionais, de crédito, agroindustrais, reciclagem, entre outros; caminhoneiros autônomos; para microoempreedodores e pequenos produtores rurais.
Um dos grandes atrativos dessa linha é a baixa taxa de juros. Em novembro do ano passado, o BNDES cobrava 3,8% ao ano (a.a) para financiamento agroindustrial e 4,8% a.a de financiamentos para investimentos. Ao contrário do comportamento da maioria das linhas que acompanharam o movimento da Selic, essas taxas são menores do que há 12 meses. Caiu 0,3 ponto percentual (p.p) nos empréstimos para investimentos e 0,2 p.p no agroindustrial. Ambos na comparação entre novembro de 2012 e 2013.
Os analistas de mercado acreditam que esse crescimento faz parte de uma estratégia do governo de incentivo ao crédito e de apoio ao micro e pequeno negócio. Nessas linhas, a maioria dos tomadores se utiliza do recurso para investir em seu negócio próprio e não para o consumo.
"Temos que compreender esses resultados do BNDES como parte de uma estratégia do governo que visa estimular o crescimento da economia pelo crédito. A Caixa Econômica Federal também teve um salto espantoso nos últimos anos. O Banco do Brasil já tinha uma posição de liderança, mas os dados mostram um crescimento bem acima do mercado", afirmou o professor do Ibmec/RJ, Mauro Rochlin.
Esse caminho pode significar uma queda na participação dos bancos privados no total de crédito, pois eles teriam que acompanhar o ritmo e as taxas oferecidas pelos bancos públicos, o que segundo analistas, não é provável.
"O cenário de aumento do comprometimento da renda das famílias com dívidas está fazendo com que os privados sejam mais seletivos e pratiquem taxas mais altas do que os públicos. Durante 2012 eles até tentaram seguir, mas perceberam que isso seria ruim por conta do cenário econômico e do risco de inadimplência", afirmou o professor da Business School, Daniel Miraglia.
Capital de giro
Apesar do grande crescimento nas linhas de pessoas físicas, o desempenho no capital de giro voltado para pequenas e médias empresas teve queda em novembro. Em maio de 2012, o saldo total desse segmento foi de R$ 18,7 bilhões, no mesmo período do ano passado foi de para R$ 25,9 bilhões, crescimento de 38,4%.
Desde então, essa linha esfriou e em novembro de 2013, o estoque total de crédito foi de R$ 22,5 bilhões, aumento de apenas 2,1% em relação ao acumulado até o mesmo período de 2012.