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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Economia

Na economia, o ano foi recebido com 8 índices ruins e 1 bom

A última vez que o Brasil viu sua atividade econômica cair foi em 2009. À época, a crise financeira global estava no auge, e o País foi só mais uma de suas vítimas. Porém, no ano seguinte, veio a volta por cima e a economia cresceu 7,5%. Esse percentual nunca mais foi repetido e, num futuro próximo, dificilmente será alcançado.


Este não deve ser o ano de forte crescimento, inflação baixa, recorde na criação de empregos, queda das taxas de juros e saldo positivo nas transações correntes do País. Pelo menos é o que apontam os dados mais recentes, haja vista que nos últimos meses o que mais se viu no noticiário econômico foram avaliações como “pior resultado” e “desempenho mais fraco” em grande parte dos principais indicadores da economia.

Afinal de contas, qual é a verdadeira situação da economia do Brasil? De acordo com economistas, a bonança se foi e agora são tempos de ajustes, que devem levar no mínimo dois anos para pôr o País de volta na rota das boas notícias.

“Como podemos resumir isso? Nossos principais parceiros comerciais estão crescendo menos e a venda de nossos produtos industriais está desacelerando. Há também a normalização das economias desenvolvidas após a crise”, diz Clemens Nunes, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV). “O vento a favor mudou de direção.”

PIB em declínio

Afinal de contas, qual é a verdadeira situação da economia do Brasil? De acordo com economistas, a bonança se foi e agora são tempos de ajustes, que devem levar no mínimo dois anos para pôr o País de volta na rota das boas notícias.

“Como podemos resumir isso? Nossos principais parceiros comerciais estão crescendo menos e a venda de nossos produtos industriais está desacelerando. Há também a normalização das economias desenvolvidas após a crise”, diz Clemens Nunes, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV). “O vento a favor mudou de direção.”

PIB em declínio

Outra preocupação – e mais direta na vida dos brasileiros – é o controle da inflação. No início deste ano, a alta dos preços atacou como há tempos não fazia. Aproveitando os reajustes tarifários típicos de janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial, saltou 1,24% no mês, simplesmente a taxa mais elevada desde fevereiro de 2003.

No acumulado em 12 meses, o indicador registra alta de 7,14%, bem acima do teto da meta do Banco Central, que é de 6,5%. Esse resultado foi o mais elevado desde setembro de 2011.

A volta dos juros altos

Para conter o avanço da inflação, o Banco Central (BC) tem elevado a taxa básica de juros do País, a Selic, constantemente - atualmente, a taxa está em 12,25%. A própria instituição já declarou que os esforços para segurar a inflação ainda não foram suficientes e que a convergência para o centro da meta, de 4,5%, deve acontecer somente no segundo semestre de 2016.

Mais importação, menos exportação

Também entre os mais importantes indicadores macroeconômicos, a balança comercial - que é a diferença entre exportações e importações – começou o ano no vermelho, ao registar déficit de US$ 3,174 bilhões em janeiro. Vale lembrar que no ano passado o País registrou o primeiro déficit comercial desde 2000, com as importações superando as exportações em US$ 3,93 bilhões.

Falta de economia no setor público

Outro resultado negativo em 2014 foi o do resultado primário. O setor público não conseguiu fazer a economia para pagar juros da dívida pública pela primeira vez desde 2001. Com isso, o déficit primário foi de R$ 32,5 bilhões, o equivalente a 0,63% do PIB.

Empossado no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o ministro Joaquim Levy tem reforçado o compromisso do governo para atingir a meta de superávit primário deste ano, de 1,2% do PIB. O objetivo é da medida é reequilibrar as contas públicas para desenvolver um ambiente de negócios e recuperar a confiança dos empresários na economia brasileira.

Taxa de desemprego

Segundo economistas, 2015 é o ano de o brasileiro cuidar do emprego que tem, já que, com o PIB em condições adversas, a oferta de vagas deve cair. Talvez o único índice que ainda se mantém em bons patamares, a taxa de desemprego encerrou o ano passado em 4,8%, o menor nível da série histórica, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

Pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, também realizada pelo IBGE e mais abrangente que a PME, o instituto aponta que o desemprego fechou 2014 no patamar de 6,8%.

Segundo o Ministério do Trabalho, o resultado em 2014 não é tão bom quanto parece. No ano passado, a criação líquida de postos de trabalho com carteira assinada atingiu 396.993 vagas, o pior resultado em 12 anos.

Na avaliação do IBGE, a queda da taxa de desemprego se explica porque houve redução na taxa da população desocupada - que são as pessoas sem trabalhar, mas à procura de uma oportunidade -, e não pela criação de vagas.

Encolhimento da indústria

Um dos setores que viu o número de postos de trabalho diminuir em 2014 foi a indústria. A baixa acumulada em 2014 foi de 3,2%, o pior resultado desde 2009, o ano auge da crise. Como se não bastasse, a ano passado foi o terceiro seguido em que o número de pessoal ocupado na indústria caiu. O que se pode esperar da indústria em mais um ano em que há menos trabalhadores no setor? No período, a produção recuou 3,2%, na comparação com o ano anterior.

Menos carros

Um dos ramos da indústria, a automobilística já iniciou 2015 com queda nas vendas. Apesar de a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ter sido encerrada no final do ano passado, a baixa nas vendas em janeiro veio mais forte do que o esperado, com queda de 19%, de acordo com a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O número de licenciamentos no mês foi o pior desde janeiro de 2011. Jundo com estoques elevados, a produção de veículos no mês caiu 13,7% em relação a igual períod de 2014, informou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“As políticas de incentivo à indústria foram adotadas após a crise de 2008. Os efeitos custam caro aos cofres públicos, e os benefícios não parecem ter sido proporcionais”, avalia Alessandra, da Tendências.

Enfraquecimento do varejo

Também com o volume de estoques elevado, o setor varejista registrou avanços em 2014, mas, ainda assim, os resultados foram desanimadores. As vendas registraram alta de 2,6% no ano passado, o desempenho mais fraco em 11 anos, de acordo com o IBGE. Já movimento dos consumidores nas lojas aumentou 3,7%, mas foi também o pior desempenho em 11 anos, segundo a Serasa Experian.

E a vida do brasileiro?

Para reverter essa situação, especialistas afirmam que o governo deve seguir com as medidas de ajustes anunciadas pelo ministro Levy ao assumir a pasta da Fazenda, como o comprometimento com a meta fiscal e a redução dos gastos públicos, com o objetivo de recuperar a confiança do setor privado e dos consumidores.

Na avaliação de Clemens Nunes, da FGV, o brasileiro deve manter um comportamento cauteloso neste ano, evitando, sobretudo, gastos supérfluos e dívidas. “Uma dívida agora é mais cara do que há um ano, pela alta dos juros, e a renda não vai crescer como antes”, afirma.

Evitar riscos que podem causar a perda do emprego também devem ser levados em conta. “Esse é um ano de inflação muito alta e atividade econômica ruim, o risco de perder o emprego é considerável”, diz Alessandra Ribeiro. “O conselho agora é apertar o cinto e incrementar a poupança para encarar esse período difícil”.
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