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Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Economia

Bancos gregos reabrem na segunda-feira ainda com restrições

Os bancos gregos reabrirão na segunda-feira (20), depois de três semanas fechados, com limites de retirada ligeiramente atenuados, mas a proibição de transferências por estrangeiros e outros controles de capitais seguem mantidas, de acordo com um decreto governamental publicado neste sábado (18).


O movimento segue o anúncio da semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE), de que iria desbloquear o financiamento de emergência que o setor bancário grego precisa para se manter à tona depois de a Grécia concordar com um pacote de reformas difíceis para um resgate financeiro.

O limite de retirada diária de 60 euros definido quando os bancos foram fechados em 29 de junho foi ajustado para permitir que os clientes dos bancos possam sacar até 420 euros por semana, enquanto os detentores de cartões de bancos gregos poderão usá-los para fazer pagamentos enquanto eles estão fora do país.

No entanto, proibições de movimentação de dinheiro para fora da Grécia permanecem, assim como restrições para abertura de novas contas.

Troca de ministros

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, tirou de seu governo ministros que votaram contra as reformas exigidas pelos credores internacionais em troca de um acordo de resgate.

Os novos ministros do governo da Grécia tomaram posse neste sábado (18) em cerimônia realizada no palácio presidencial, depois de o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, ter anunciado uma remodelação que afetou 10 membros do gabinete.
Custo alto para os gregos
O premiê Tsipras se comprometeu a reformar o sistema de aposentadorias, de impostos e do mercado de trabalho. São reformas muito mais duras do que as que os gregos rejeitaram, por ampla maioria, no referendo de 5 de julho.

Essa nova dose de austeridade, que se soma às medidas adotadas nos últimos cinco anos, voltou a levar os gregos às ruas e suscita rumores de eleições antecipadas.

Já sem maioria no Congresso, Tsipras reconheceu que não concorda com vários aspectos do programa, mas afirmou que assinou o acordo para "evitar um desastre". O ministro grego da Economia, Euclides Tsakalotos, garantiu que ter aceitado as condições dos credores "lhe pesará por toda a vida".

Em paralelo à nova ajuda, os ministros da Eurozona aprovaram um financiamento ponte de € 7 bilhões para que a Grécia possa enfrentar seus compromissos mais urgentes. Entre eles, está o pagamento, na próxima segunda-feira, de aproximadamente € 4,2 bilhões ao Banco Central Europeu (BCE). No total, até meados de agosto, o país precisará de cerca de € 12 bilhões.

Na quinta-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, também decidiu aumentar em € 900 milhões os empréstimos de emergência aos bancos gregos.

Exigências
O Parlamento da Grécia aprovou na quarta-feira (15) as primeiras exigências da Europa em troca de ajuda financeira ao país. Dos 300 parlamentares, 229 votaram a favor e 64 contra. Destes, 38 parlamentares do Syriza, partido de Tsipras, votaram contra o acordo ou se abstiveram. Tsipras foi enfraquecido pela revolta em seu partido, forçando-o a contar com votos da oposição para aprovar o pacote de que a Grécia precisa para permanecer viva.

Aprovação no Parlamento
A Grécia tinha até esta quarta para votar 4 medidas exigidas pela Europa:
1. Ajustar o imposto ao consumidor e ampliar a base de contribuintes para aumentar a arrecadação do estado;
2. Fazer reformas múltiplas no sistema de aposentadorias e pensões para torná-lo financeiramente viável;
3. Privatizar o setor elétrico, a menos que se encontre medidas alternativas com o mesmo efeito; e
4. Criar leis até que assegurem "cortes de gastos quase automáticos" se o governo não cumprir com suas metas de superávit fiscal.

Ao todo, são 14 exigências. Veja a lista completa aqui.

O novo pacote de ajuda grega, além de não conter qualquer tipo de perdão de dívidas, impõe duras condições a Atenas, com medidas de "aperto" econômico que não apenas o governo grego tinha prometido não adotar, mas que também foram recusadas por 61% dos gregos em um plebiscito realizado há duas semanas.

RESUMO DO CASO
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.

- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro. No dia 13 de julho, outra dívida com o FMI deixou de ser paga, de € 450 milhões.

- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.

- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho.

- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não".

- Nesta semana, os líderes europeus concordaram em fazer um terceiro programa de resgate para a Grécia, de até € 85 bilhões, mas ainda exigem medidas duras, como aumento de impostos, reformas no sistema previdenciário e mais privatizações.

- O parlamento grego aprovou na quarta-feira (15) o primeiro pacote de reformas para conseguir dinheiro para saldar parte do que deve aos credores. Com isso, o Eurogrupo deu aval prévio ao empréstimo.

- Na sexta-feira, a União Europeia aprovou uma antecipação de € 7,16 bilhões do pacote de ajuda que vem sendo negociado, para que o país não dê "calote" no pagamento de € 3,5 bilhões que tem que fazer na segunda-feira ao Banco Central Europeu (BCE).

- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.

- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
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