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Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Economia

Incertezas fiscais tornam queda da inflação mais demorada, diz Copom

O Banco Central avaliou nesta quinta-feira (29) que que há "incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais [melhora das contas públicas] e à sua composição" e acrescentou que, por conta disso, o processo de "realinhamento de preços relativos mostra-se mais demorado e mais intenso que o previsto".


O recado foi transmitido por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrido na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, foi mantida novamente inalterada em 14,25% ao ano. No comunicado divulgado após o encontro, o BC admitiu que não atingiria mais a meta central de inflação de 4,5% ao final do ano de 2016, e acrescentou que isso ocorreria somente dentro do "horizonte relevante" da política monetária, ou seja, em até 24 meses - até outubro de 2017.

A inflação na meta central de 4,5% em 2016 era a principal promessa do comandante do BC, Alexandre Tombini, mas foi abandonada. Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Revisão da meta fiscal

A reunião do Copom, na qual a análise de que havia "incertezas" no campo das contas públicas, aconteceu na semana passada, antes de o governo confirmar a revisão da meta das contas públicas de um superávit, em 2015, para um déficit de R$ 51,8 bilhões para as contas do governo - o maior da história. Essa revisão, a segunda da meta fiscal de 2015, foi anunciada somente nesta semana pela equipe econômica.

Um déficit maior implica em mais recursos na economia, o que dificulta o controle da inflação. O próprio BC avaliou, no passado, que quanto maior for o esforço fiscal (economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda, também conhecido como "superávit primário" no Brasil), melhor é para o controle da inflação – principal objetivo da autoridade monetária.

Política de juros 'vigilante'

"Nesse contexto, o Comitê entende que, independentemente do contorno das demais políticas, a política monetária [definição dos juros para conter pressões inflacionárias] deve se manter vigilante, de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas e a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante [até outubro de 2017]", informou a autoridade monetária no documento divulgado nesta quinta-feira.

Inflação em patamares elevados

Segundo o Banco Central, o fato de a inflação se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. Até setembro, a inflação, medida pelo IPCA, somou 7,64%, o mais elevado para o período desde 2003, quando atingiu 8,05%. Em 12 meses, avanço é de 9,49%. Para todo este ano, a previsão do mercado financeiro é de que o IPCA some 9,85% - o maior patamar em 13 anos.

"O Comitê considera ainda que, ao longo de 2015, entre outros fatores, esses ajustes de preços relativos na economia tornaram o balanço de riscos para a inflação desfavorável. Nesse contexto, esses ajustes de preços fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015, necessitando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos. Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes", acrescentou o Copom, na ata de sua última reunião.
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