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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Economia

Alimentos recuam mais que o previsto em fevereiro, diz Fipe

Ao desacelerar de 1,15% para 0,22% entre o fechamento de janeiro e igual período de fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) foi influenciado por diversos fatores de baixa que já estavam na conta da instituição, como o recuo dos preços de energia e a saída do indicador dos reajustes de mensalidades, cigarros e passagens aéreas.


O destaque desta leitura, no entanto, foi uma perda de fôlego maior que o esperado no grupo alimentação, disse Rafael Costa Lima, coordenador do índice que calcula a variação de preços na cidade de São Paulo. Para ele, a desaceleração traça um panorama “menos sombrio” para o inflação nos próximos meses, embora ainda preocupante.

Na passagem mensal, o grupo cedeu de 2,11% para 0,34%, menor taxa mensal para os alimentos desde fevereiro de 2002 (-0,98%), com preços menores em todos os principais componentes. Puxado por deflação de 1,91% das carnes bovinas, o subgrupo de semielaborados deixou alta de 1,9% para queda de 0,46% na medição atual, mas, segundo Lima, foi a desaceleração de 8,25% para 1,5% dos alimentos in natura que permitiu que o grupo recuasse de forma geral no mês passado.

Lima ressaltou que, dentro dos in natura, apenas as frutas mostraram deflação já em fevereiro, com queda de 2,34%, enquanto os demais itens perderam força, mas seguiram em alta, como legumes (18,3% para 5,6%), tubérculos (8,9% para 5,8%) e verduras (19,2% para 0,65%). “Estamos em um movimento próximo da estabilidade e a tendência é que, em algum momento, esse mercado se reequilibre e esses preços caiam”, o que, de acordo com ele, deve ocorrer somente no fim de março ou a partir de abril.

A despeito da trajetória mais benigna dos alimentos, o maior impacto de baixa no IPC-Fipe, que tirou 0,21 ponto percentual do índice de fevereiro, veio da deflação de 5,44% em energia elétrica. Em janeiro, esse item havia subido 1,03%. Com a redução de 18% da tarifa de energia residencial, o grupo habitação saiu de aumento de 0,35% na abertura do ano para retração de 0,21% no fechamento de fevereiro, mesmo com altas observadas em outros preços, como aluguel (0,41% para 0,59%) e equipamentos do domicílio (0,19% para 0,32%). De acordo com a metodologia da Fipe, que mede a variação de preços no regime de caixa, o piso da queda de energia deve ser registrado na terceira quadrissemana de março, período para o qual Lima prevê deflação de 12,75% desse item.

Além de alimentos e energia, o coordenador do IPC-Fipe destacou a ajuda da parte de educação, que, com a saída dos aumentos de mensalidades escolares, passou de 6,08% para 0,27% entre janeiro e fevereiro, assim como do grupo despesas pessoais. No primeiro mês do ano, essa classe de despesa mostrou avanço de 2,42% devido ao aumento do imposto do cigarro, e na medição atual recuou 0,10% devido à saída desse efeito.

Por outro lado, o aumento da gasolina nas refinarias pesou sobre o grupo transportes, que subiu de 0,23% para 0,84% entre janeiro e fevereiro. Com avanço de 4% nas bombas, o combustível foi a principal influência de alta sobre a inflação da capital paulista no mês passado, ao impactar o IPC-Fipe em 0,07 ponto percentual. Lima afirmou que esse reajuste deve sair do IPC-Fipe nas próximas leituras, mas ponderou que é preciso acompanhar a trajetória do etanol, que se acelerou de 0,71% para 2,7% na passagem mensal. Segundo o coordenador, o esperado é que o álcool combustível mostre altas mais fortes daqui em diante, devido ao início do período de entressafra.

Para o fechamento de março, a Fipe trabalha com deflação de 0,07% no IPC da instituição, influenciada principalmente por queda de 1% do grupo habitação, devido ao corte nas contas de luz. Também devem ceder mais em março, segundo Lima, alimentação, transportes e educação.

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