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Domingo, 21 de julho de 2024

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Balança comercial melhora na China e indica recuperação

As exportações continuaram a ganhar fôlego, subindo 7,2% em relação ao mesmo mês de 2012, segundo dados oficiais chineses divulgados ontem. É um resultado superior ao aumento de 5,1% de julho e à contração de 3,1% de junho. As importações subiram 7% em agosto na comparação anual, um recuo ante os 10,9% de julho.


O quadro geral é de uma economia chinesa que se beneficia da recuperação progressiva da demanda nos EUA e outros mercados de exportação importantes. A China continua a estocar matérias-primas para o seu setor industrial. "A China está de volta", disse Stephen Green, do Standard Chartered Bank. "Não será uma recuperação forte, mas está cada vez mais claro que já saímos do fundo do poço."

A balança comercial de agosto é o mais recente de uma série de dados positivos sobre a economia chinesa, iniciada depois que as exportações e a produção industrial de julho deram sinais de melhora.

Ainda restam dúvidas quanto à sustentabilidade da recuperação atual. Os aumentos salariais e a valorização da moeda prejudicam a competitividade das exportações chinesas. As iniciativas recentes de Pequim para conter o aumento dos empréstimos, após anos de expansão econômica alimentada pelo crédito, podem reduzir os investimentos e as importações.

Mesmo assim, dois meses de dados mais robustos elevaram a confiança de que o governo conseguirá atingir a sua meta de crescimento do PIB para este ano, de 7,5%. E também diminuem as chances de que os líderes do país introduzam alguma nova política de estímulo de grande envergadura.

Os economistas vêm respondendo aos sinais de melhora subindo um pouco suas previsões. O banco J.P. Morgan agora espera um crescimento anual de 7,6% no terceiro trimestre, número superior à sua previsão anterior, de 7,4%, e à expansão registrada no segundo trimestre, de 7,5%.

O superávit comercial da China cresceu, com a diferença entre exportações e importações subindo para US$ 28,5 bilhões em agosto, contra US$ 17,8 bilhões em julho, o nível mais alto desde janeiro.

O aumento nas exportações e no superávit comercial significa mais pressão para que a moeda chinesa se fortaleça. "A pressão para que o yuan se valorize provavelmente continuará no futuro próximo", disse Liu Ligang, economista da ANZ especializado na China.

O yuan subiu 1,8% em relação ao dólar até agora no ano. Isso contrasta com outras moedas asiáticas, muitas das quais caíram mais de 10% ante a moeda americana.

A recuperação das exportações chinesas foi impulsionada por um aquecimento na demanda de países ocidentais e um desempenho melhor que o esperado das exportações para vizinhos asiáticos.

As vendas para os EUA subiram 6,1% em agosto em relação a agosto de 2012 e 5,3% em relação a julho, o que significa uma melhora diante da contração das vendas observada no início do ano.

As vendas para os países da Asean (grupo de dez países que inclui a Indonésia, Malásia, Tailândia e Cingapura) subiram 30,8%.

"A demanda externa está melhor do que esperávamos", disse Ma Xiaoping, economista do HSBC que acompanha a China. "Nos próximos meses devemos ver um aumento mais forte nas exportações. Os dados dos EUA, como emprego e vendas no varejo, estão melhorando. Os fundamentos estão ficando um pouco melhores."

Um período anterior de aumento das exportações, nos primeiros meses de 2013, gerou deixou alguns economistas em dúvida.

Estes, citando uma discrepância nos dados de exportação e importação entre a China e Hong Kong, sugeriram que os números oficiais de Pequim exageraram a força das vendas para o exterior.

Algumas fábricas chinesas supostamente maquiaram seus totais de exportação a fim de contornar os controles sobre os fluxos de capital, permitindo-lhes trazer fundos para o país, disseram pessoas a par dessas supostas práticas.

Foram as vendas irrealisticamente elevadas para Hong Kong - indicando um aumento de quase 100% em março, na comparação anual - que fizeram soar o alarme. As exportações para Hong Kong subiram apenas 6,4% em agosto.

Desta vez, "a melhora reflete a realidade, e não problemas com os dados", disse Louis Kuijs, economista do RBS para a China.

Na economia doméstica, os investimentos maiores em infraestrutura e imóveis, assim como as vendas de automóveis, um setor vibrante, sustentaram o apetite pela importação de matérias-primas.

As compras de minério de ferro caíram em relação ao recorde de julho, mas ainda assim tiveram alta de 10,5 % na comparação anual. As importações de cobre e petróleo seguiram padrão semelhante.

Alguns economistas viram a queda no crescimento das importações como um alerta quanto à força da demanda doméstica da China. "Não sou tão otimista", disse Ma, do HSBC. "Alguns disseram antes que a demanda doméstica tinha se recuperado para valer, mas a partir dos dados de hoje, o máximo que posso dizer é que ela não está tão fraca como antes."

O setor de exportação chinês continua a enfrentar dificuldades estruturais devido aos aumentos salariais e o yuan mais forte, assim como a concorrência crescente de rivais de baixo custo como Vietnã e Bangladesh.

Estes obstáculos tornam improvável que o crescimento volte às alturas estelares vistas antes da crise financeira, e levantam dúvidas sobre quanto tempo a modesta recuperação atual pode ser sustentada. Uma pesquisa mensal com gerentes de compras de fábricas, feita pelo HSBC e a firma Markit, constatou que as novas encomendas de exportação declinaram em agosto pelo quinto mês consecutivo.

Alguns analistas também expressaram dúvidas sobre quanto tempo pode durar o aumento nos investimentos, que vêm sustentando a demanda por commodities. "A taxa de aprovação para novos projetos de infraestrutura diminuiu, e à medida que os atuais vão passando pelo sistema, o fluxo de novos projetos parece ser bem menor", disse Efrém Ravi, analista da Barclays Research.
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