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Domingo, 21 de julho de 2024

Notícias | Economia

Alta dos preços define mercado suíno em agosto

A combinação de menor oferta com maior demanda, especialmente externa, garantiu altas de preços para o suíno vivo e para a carne ao longo de quase todo o mês de agosto. Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o animal se valorizou 16,6% entre os dias 31 de julho e 30 de agosto, com a média saindo de R$ 2,87 o quilo para R$ 3,35 o quilo. No Sul de Minas Gerais, o aumento foi de 25,8%, com o quilo do vivo saltando de R$ 2,88 no dia 31 de julho para R$ 3,63 no dia 30 de agosto. Os dados são da 36ª edição do Boletim do Suíno, divulgado nesta segunda, dia 9, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).


Em Belo Horizonte (MG), a alta acumulada no mês foi de 24,7% e, em Ponte Nova (MG), de 23,1%, com o quilo do animal passando para R$ 3,67 em ambas as regiões, no dia 30. No Sul do País, as cotações do suíno vivo encerraram agosto com médias de R$ 2,99/kg no Sudoeste Paranaense, de R$ 3,14/kg no Oeste Catarinense e de R$ 3,06/kg em Santa Rosa (RS), altas de 20,1%, 27% e 25,3%, respectivamente, no acumulado do mês.

Na região Sul, o espaço para a valorização veio da oferta interna mais enxuta, devido à retomada das exportações para a Ucrânia. Os embarques aliviaram parte dos estoques que vinham se acumulando nas câmaras de frigoríficos nacionais e diminuíram a pressão de carcaças sulistas no atacado do estado de São Paulo – sem condições de ser exportado, o produto do Sul vinha sendo redirecionado ao mercado paulista a preços mais competitivos. Nos mercados independentes de São Paulo e de Minas Gerais, a oferta de animais com peso ideal para abate foi restrita até meados de agosto, porque, quando os preços do suíno vivo estavam em queda, produtores tiveram que vender quantidades maiores para fazer caixa.

Na última semana do mês, porém, houve um pequeno aumento no volume ofertado de suínos vivos prontos para abate, o que acabou desacelerando o ritmo de alta dos preços, especialmente no Sudeste. Em algumas praças pesquisadas pelo Cepea, os valores chegaram a registrar ligeiros recuos.

Comércio exterior

As exportações brasileiras de carne suína in natura não têm crescido no ritmo esperado pelo setor. Em agosto, 45,7 mil toneladas do produto foram enviadas ao exterior, volume 5,1% maior que o de julho, mas ainda 2,8% inferior ao registrado em igual período de 2012 – dados Secex.

Para encerrar 2013 ao menos com a mesma quantidade de carne suína exportada no ano passado de (499 mil toneladas) ainda é necessário exportar 207 mil toneladas entre setembro e dezembro, marca que nunca foi atingida neste período. Já o valor recebido em reais pela carne suína embarcada continua sendo impulsionado pela valorização do dólar nos últimos três meses – a moeda norte-americana tem registrado recuos frente ao real nos últimos dias. Em agosto, o preço médio do produto embarcado foi de R$ 6,27/kg, 5,7% mais alto que o de julho e 20,6% superior ao de igual período do ano passado. É o maior valor desde outubro de 2008, quando a economia mundial passava pelo auge de uma crise financeira e o dólar também estava valorizado.

Relação de troca e insumos

Segundo a equipe de Grãos do Cepea, as cotações do milho recuaram até meados de agosto, em decorrência, principalmente, das boas condições das lavouras no Brasil, que sinalizavam excedente exportável. Além disso, nos Estados Unidos, o clima também favorecia a safra de grãos, reforçando as expectativas de produção recorde.

Os valores de negócio do milho no Brasil chegaram a ficar abaixo do mínimo estipulado pelo governo no Centro-Oeste e no Paraná, inferior até aos custos para a produção do cereal. Tal cenário favorecia o poder de compra do suinocultor. Em São Paulo, no dia 15 de agosto, com a venda de um quilo do suíno, foi possível adquirir 8,84 quilos do insumo, a melhor relação de troca obtida pelo suinocultor desde 2009.

No entanto, com a redução do ritmo de alta nos preços do suíno vivo e aselevações nas cotações de milho, o poder de compra do suinocultor diminuiu na segunda quinzena, fechando o mês a 8,05 quilos de milho por quilo de suíno. Segundo pesquisas do Cepea, as valorizações do cereal ocorreram inicialmente como resposta às intervenções governamentais. Além disso, as condições das lavouras nos Estados Unidos tiveram ligeira piora, e consultorias privadas apontaram produção inferior à indicada pelo USDA, o que deu mais suporte àscotações nacionais.

Em relação ao farelo de soja, os preços também subiram em agosto devido ao repasse das altas do grão. A demanda pelo produto se manteve aquecida, mesmo sendo apenas da “mão pra boca”. Entre 31 de julho e 30 de agosto, as cotações do derivado subiram 18,6%. Na média mensal, com a venda de um quilo de suíno, foi possível adquirir 3,16 quilos de farelo, em São Paulo.

Carnes concorrentes

Em agosto, frigoríficos, de modo geral, conseguiram repassar os aumentos do suíno vivo para a carne. Entre 31 de julho e 30 de agosto, a carcaça comum negociada no atacado da Grande São Paulo ganhou valorização de 16%, com o quilo do produto encerrando o mês a R$ 5,05. Para a carcaça especial suína (tipo exportação) comercializada no atacado paulista, a alta foi de 17,7%no mesmo período, com o quilo do produto fechando a R$ 5,25/kg no dia 30.

O comportamento dos preços da carne bovina, um dos principais balizadores das cotações das carnes suína ede frango, tem exercido menos influência sobre os mercados concorrentes, comparando-se aos anos anteriores. Isso porque a correlação entre as variações de preços desses produtos vem diminuindo em 2013. Cálculos feitos a partir das séries mensais do Cepea apontam que, de janeiro a agosto, o coeficiente médio entre as variações nas cotações da carcaça comum suína e da carcaça casada de boi, ambas negociadas no atacado da Grande São Paulo, foi negativo em 0,447 (ou seja, a alta de um está associada à queda do outro), ante um índice positivo de 0,403 entre janeiro e agosto de 2012. A correlação entre os preços da suína e os de frango também diminuiu, de 0,859 de janeiro a agosto de 2012 para 0,538 em igual intervalo deste ano.

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