No próximo domingo (22), o assasinato de Chico Mendes completa 25 anos. O seringueiro participou de várias campanhas contra o desmatamento da Amazônia e morreu em defesa da floresta.

Sua luta gerou frutos, como uma reserva extrativista no Acre, só que nem tudo é da forma como ele sonhou, como conta um primo, que também participou dos movimentos e ainda hoje mora na região.

A Reserva Extrativista Chico Mendes é o último grande maciço florestal na região leste do estado do Acre. Antes dela existir, muitos perderam a vida.

Raimundo Mendes de Barros, conhecido como Raimundão, primo de Chico Mendes, participou do movimento que ficou conhecido como Empates e foi constituído de verdadeiras barreiras humanas contra a devastação da floresta.

"Foram momentos tensos, foram momentos difíceis, foram momentos de muita ausência de casa, de risco de vida nas caminhadas dos varadouros, porque a pistolagem era muito grande. Mas tivemos a sorte de, uma parte, não ser vítima da covardia, da perversidade do latifúndio. O Chico não teve a mesma sorte, o Wilson não teve a mesma sorte, o Ivair não teve a mesma sorte, tantos e tantos companheiros", diz Raimundão.

Hoje ele vive em paz com a família na área de proteção criada após a morte do líder seringueiro, mas 25 anos depois, a grilagem de terra, a retirada ilegal de madeira e as queimadas para formação de pasto e criação de gado, ameaçam novamente o lugar.

O homem que lutou contra o desmatamento no passado, agora quer incentivar os novos seringueiros sobre a importância de usar a floresta de forma consciente.

Em uma área degrada de dois hectares, Raimundão começou a fazer o plantio consorciado de seringueira e castanheira. No total, são mais de 1,5 mil árvores já replantadas e a ideia é que daqui a cinco anos, as seringueiras comecem a produzir.

Com apoio técnico é possível o sucesso desse tipo de cultivo. “Isso aqui é uma espécie de 'poupança' que estou fazendo para os meus filhos, se Deus quiser, isso aqui vai servir para eles”, diz Raimundão.

Uma lei publicada esta semana no Diário Oficial da União reconhece o trabalho de Chico Mendes na luta pela preservação da Floresta Amazônica. Ele agora é considerado Patrono do Meio Ambiente.