A Coordenadora Executiva do Projeto Biomas da CNA, Cláudia Rabello, passou os dias 18 e 19 de fevereiro, na Fazenda São Marcos, próxima aos municípios de Linhares e Sooretama, no Espírito Santo. Na visita, constatou a implantação dos 24 subprojetos planejados para a área experimental do Projeto Biomas na Mata Atlântica. “É importante estar perto dos subprojetos de pesquisa. A CNA não é mera coadjuvante do projeto. Além das questões administrativas e executivas, queremos estar no campo e conduzir os experimentos da melhor maneira. Acreditamos que as informações geradas pelo projeto são importantes para o produtor rural desde já”, diz Cláudia Rabello.

Na Mata Atlântica, a CNA e a Embrapa contam com a parceria do INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Fabiana Ruas, pesquisadora do INCAPER e Coordenadora Regional do Projeto Biomas, acompanhou a representante da CNA nos dois dias de visita aos experimentos. “Além do apoio operacional, logístico e administrativo, o INCAPER é autor de 7, dos 24, subprojetos de pesquisa. Fazemos análise constante do que acontece em campo e enviamos para a CNA os relatórios. Sabemos que os indicadores que estamos construindo farão parte de um futuro melhor para o setor rural, tanto no quesito ambiental, quanto no aspecto econômico”, acredita Fabiana.

Aroeira

Um dos subprojetos implantados, de autoria da própria Fabiana Ruas, trata da análise da aroeira para uso fitoterápico, culinário e cosmético.

A aroeira é uma árvore típica da Mata Atlântica e já foi bastante explorada para a construção de móveis por causa de sua madeira. Hoje, o fruto da aroeira, chamado de pimenta rosa, é bastante utilizado na culinária. “Aqui no Espírito Santo, temos uma grande indústria exportadora de pimenta rosa. Após a colheita, sobram as folhas e pedaços de caule. Meu experimento pretende mostrar que é possível aproveitar essas sobras para extrair subprodutos da aroeira. Já mandei algumas análises para o laboratório. A aroeira tem grande poder antibiótico e seu óleo pode ser usado pela indústria cosmética”, conta Fabiana.

Das cascas das sementes das aroeiras, da pimenta-rosa em especial, extrai-se um óleo muito utilizado na medicina popular e considerado como eficiente opção no tratamento de febres, tumores, doenças da córnea e das vias respiratórias e urinárias. Aparentemente, todas as partes dessa árvore tropical – folhas, cascas, frutos, sementes, resina e óleo resínico ou bálsamo – já foram utilizadas medicinalmente pelas tribos indígenas.

Segundo a pesquisadora, a aroeira tem um material genético ainda pouco explorado. Os produtores rurais podem plantar as árvores e extrair subprodutos do componente arbóreo, sem necessariamente precisar cortá-las. “Queria agregar valor a essa questão típica do projeto Biomas, que é a reintrodução da árvore nas propriedades rurais. Quero demonstrar que o produtor pode ter renda, preservando as árvores nativas na sua propriedade”, explica Fabiana Ruas.

Vinhatico

O vinhático é uma árvore exuberante, nativa da Mata Atlântica. Sua madeira leve e dura é fácil de trabalhar. Possui longa durabilidade natural. Muito utilizada para construção de mobiliário de luxo.

A utilização dessa espécie em diversos experimentos do Projeto Biomas na Mata Atlântica gerou uma descoberta com relação à sua adubação. “O vinhático não respondeu bem à adubação. Cresceu pouco, ficou tímido. Em compensação, utilizamos essa mesma espécie em um experimento para recomposição de área degradada, onde o solo estava praticamente estéril, e o vinhático se desenvolveu bem”, explica Wagner Farias Ferreira Braz Silva, técnico agrícola do projeto biomas na mata atlântica.

Sobre o Projeto Biomas
O projeto Biomas, fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é uma iniciativa inédita no Brasil e tem como objetivo identificar formas sustentáveis para viabilizar a propriedade rural brasileira considerando o componente arbóreo em seus sistemas propostos. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros. O Projeto Biomas tem o apoio do SEBRAE, Monsanto, John Deere e Vale Fertilizantes.