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Terça-feira, 25 de junho de 2024

Notícias | Pecuária

Boi gordo se mantém em alta mas preço pode cair em maio

Redução na oferta de gado, estiagem nas Regiões Sul e Sudeste (entre dezembro e fevereiro) e o aumento das exportações, somado ao avanço no consumo interno, levaram os valores a um recorde na última semana - mesmo em plena safra. Na última segunda-feira (17), o valor chegou a R$ 125,39 por arroba, segundo o Indicador Esalq / BM&FBovespa. Porém, a volta das chuvas nestas regiões pode reduzir os preços a partir de maio.


O bovinocultor Guilherme Nolasco, da Chapada dos Guimarães, região central do Mato Grosso, afirma que houve um aumento dos preços em relação à entressafra e explica que isso é resultado de uma conjuntura de fatores.

"A redução na oferta é reflexo do abate de matrizes [fêmeas] que começou em 2011. Com isso, diminuiu a produção de bezerros e, consequentemente, de boi gordo. A seca no Sul e no Sudeste no início de ano fez com que muitos produtores não conseguissem engordar o gado para a safra, então, os frigoríficos passaram a fazer mais pressão de compra no Mato Grosso para suprir o mercado. E, por fim, estamos exportando bastante e a demanda do mercado interno está maior do que nos últimos anos", diz.

Nolasco conta que o verão do Mato Grosso foi mais chuvoso do que de costume, as pastagens ficaram mais amareladas em fevereiro, mas nada que atrapalhasse a criação. "Algumas regiões ao norte do estado foram mais prejudicadas pelo excesso de chuva, como os municípios de Joína, Joara e Castanheiros. Lá, ainda houve problema com logística."

Segundo o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, mesmo com uma oferta menor ainda não foi necessária a venda de gado em confinamento. "Com o aumento de demanda para a região do Mato Grosso, ficaremos muito dependentes do boi gordo de confinamento no período de entressafra, a partir de maio até meados de agosto. Teremos que utilizar cerca de 15% deste recurso. Se não tivéssemos esta alternativa faltaria produto", diz. Segundo a Scot Consultoria, em 2013, foram abatidos entre 7% e 8% dos bois de confinamento.

O superintendente explica que estes animais ficam 90 dias em confinamento e atualmente não estão prontos para a venda.

Neste cenário, Vacari afirma que, em curto prazo os preços do boi gordo devem se manter altos.

Mercado

Em contrapartida, a Marfrig, segunda maior processadora de carne bovina do País, avaliou que a alta da arroba do boi perderá força após intervenções climáticas. A companhia vê melhora da oferta de animais entre abril e maio, disse ontem o diretor de compras da companhia, José Pedro Crespo em entrevista.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Scot Consultoria, Antônio Guimarães, pode existir uma pressão um pouco mais baixista devido ao retorno das chuvas em março no Sul e no Sudeste.

"Em curto prazo, acredito em preços mais firmes ocasionados por uma oferta restrita. Mas, com recentes situações melhores de pastagens, podemos ter um incremento na oferta entre a segunda semana de abril e início de maio, o que pode gerar aumento de oferta", afirma Guimarães.

Para o consultor, o abatimento de matrizes - que mesmo em menor proporção ainda acontece - pode ajudar a suprir a demanda de carne no mercado interno.
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