Olhar Agro & Negócios

Terça-feira, 02 de julho de 2024

Notícias | Pecuária

Pesquisa USP: cordeiros não castrados possuem carne de melhor qualidade

Um projeto desenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga/SP, concluiu que a qualidade da carne de cordeiro tende a aumentar se os animais não forem castrados e se submetidos a uma dieta de confinamento adequada. Os animais pesquisados foram meio sangue Dorper x Santa Inês.


A dissertação de mestrado da médica veterinária Madeline Rezende Mazon se baseou na análise comparativa do desempenho, características de carcaça e qualidade de carne entre os ovinos castrados e não castrados. O projeto teve início no final de 2011, buscando inovações em pesquisas com relação a características e qualidade. Segundo a pesquisadora, a ideia do investimento partiu da observação de um certo preconceito com a carne ovina. “Sempre constatamos reclamações de cheiro ruim, sabor desagradável e ranço. Por isso, queríamos avaliar se a castração e o tempo de confinamento melhorariam ou piorariam as características da carne”, comentou ela.

Para cada análise foi aplicada uma metodologia específica. No entanto, de uma forma geral, foram avaliados 48 ovinos machos Dorper x Santa Inês com 32,3 kg (± 5,04 kg) de peso corporal e 104 dias de idade no início do experimento. “Os animais foram alojados em dois por baia de acordo com o peso inicial e, após 14 dias de adaptação ao local, foram alimentados com uma dieta contendo 75% de grão de milho inteiro, 20% de pelete proteico mineral e 5% de feno de capim “coast cross”, explica Madeline.

Os animais foram desmamados aos 90 dias de idade e, após a adaptação, 24 foram castrados aos 113 dias de idade. A alimentação e as sobras foram pesadas diariamente para determinações de matéria seca e eficiência alimentar. Madeline explica que os animais foram pesados no início do experimento e eram realizados acompanhamentos a cada 14 dias para análise de evolução de peso.

Dois processos de abate foram executados. Um deles aos 36 dias de confinamento, e outro aos 78 dias, cada um contendo parcelas iguais de machos castrados e não castrados. A partir daí, foram determinadas as características da carcaça e da carne. Para a pesquisadora, o resultado das análises não trouxeram grandes surpresas. “Já esperávamos que os animais não castrados tivessem efeito da testosterona como anabolizante, fazendo-os obter melhores resultados de desempenho. No entanto esperávamos que os animais castrados tivessem melhores resultados na análise sensorial e no perfil de ácidos graxos, supondo que, sem a ação da testosterona, o odor e sabor da carne apresentassem diferenças significativas, o que não foi encontrado”.

Buscando novos mercados

Segundo Madeline, o comércio de carne ovina é muito restrito no Brasil devido à relação de consumo em dias festivos e à influência pelo não acompanhamento técnico da produção ovina. “Ainda são muito comuns abates de animais velhos, com cheiro e sabor característicos. E esse produto, quando chega ao consumidor, causa má impressão e desestimula futuros consumos”.

A pesquisadora acredita que pesquisas que buscam avaliar o desempenho da produção de carne ovina são os principais caminhos para reverter o quadro negativo do produto no cenário nacional, uma vez que esses animais mestiços são os mais utilizados pelos ovinocultores brasileiros. “É importante que haja um trabalho de estímulo às pesquisas de qualidade do produto, ajudando a verificar a melhor idade de abate e a condição sexual para que não tenha grandes influências negativas sobre a carne de cordeiro”, completa.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet