A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, divulgou a primeira estimativa da próxima safra brasileira de grãos. O levantamento trouxe números otimistas. A produção total deve bater um novo recorde e chegar aos 195 milhões de toneladas – 4,5% a mais do que a colheita passada. O algodão pode aumentar 28%. O feijão, 14%, e arroz, 2,4%. O destaque de novo é a soja, que deve crescer 10% e atingir 89 milhões de toneladas.
Os técnicos da Conab dizem que, se essa previsão se confirmar, o Brasil vai superar os Estados Unidos e se tornar o maior produtor de soja do mundo. “Pela primeira vez, nós, os brasileiros, superamos os Estados Unidos na produção de soja. Os grandes consumidores ficam atentos a esse número. Então, isso é muito positivo sob o aspecto da política agrícola e sobre o aspecto econômico para o nosso país”, explica o secretário de Política Agrícola Neri Geller.
O avanço da soja vai ocorrer principalmente em cima das áreas ocupadas hoje por pastagens e pelo milho. Nos últimos três anos, vem se acentuando essa tendência de queda na área de milho no plantio de verão. A situação chegou ao ponto de que a safrinha já está muito maior do que a safra que antes era considerada a principal. Na comparação, a safra de milho de verão que será colhida em março de 2014 pode chegar a 33 milhões de toneladas e a segunda safra, 46 milhões.
O diretor de política agrícola da Conab, Silvio Porto, diz que o governo está preocupado com isso. “Para o ano que vem, essa preocupação está muito minimizada porque nós teremos um estoque de passagem superior a 12 milhões de toneladas, tanto de estoque públicos como privados. Então, por mais que nós tenhamos problema na segunda safra do ano que vem, na safrinha, nós não teremos problema possivelmente de abastecimento”, diz Silvio Porto. O diretor da Conab ainda faz uma ressalva: se essa tendência continuar, o governo deveria estudar uma política de incentivo para aumentar o plantio do milho no verão. Ele julga arriscado apostar demais na segunda safra, quando o clima não é tão favorável.
