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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Agricultura

Preço do café segue baixo e cafeicultor busca mercado

O café arábica é negociado em média a um valor 36% menor que outubro do ano passado. Os produtores culpam o próprio governo e alegam que o leilão foi realizado tarde demais.


Em entrevista na terça, 8, o diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Jânio Zeferino da Silva, sugeriu que os produtores aguardem o melhor momento para vender a safra. O problema é que muitos estão endividados e têm, além das dívidas da lavoura, financiamentos de máquinas e equipamentos para pagar.

É o caso do cafeicultor Paulo Assis, da região de Guaxupé (MG), que comprou um trator no ano passado e tem que se virar para pagar as prestações. Após colher 500 sacas, ele já vendeu 250 e diz ser difícil segurar o resto.

“As contas vão se acumulando e o jeito é comercializar a mercadoria”. Na semana passada representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais estiveram no Ministério da Agricultura onde pediram a suspensão do pagamento das parcelas de crédito rural da cafeicultura por 90 dias. A medida, porém, é vista como paliativa por alguns.

“O problema maior é o governo e a falta de ações”, diz o presidente do Sindicato Rural de Varginha (MG), Arnaldo Bottrel. Para ele, a grande reivindicação é o direito de renda.

O preço do café atingiu há uma semana o menor valor dos últimos quatro anos, oscilando entre R$ 250 e R$ 260 a saca de 60 quilos Cafeicultores alegam que esse preço não cobre o custo de produção que pode chegar a R$ 380.

Para auxiliar o produtor o governo federal tem realizado leilões de contratos de opções de venda no valor de R$ 343 a saca, com vencimento em março. Mas a adesão representa uma parte reduzida do café estocado.

A Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (MG), por exemplo, a maior do país, comercializou 524 mil sacas, o que representa 18% da oferta total.

Heberson Vilas Boas, gerente da cooperativa, acredita que os efeitos dos leilões seriam bem maiores se viessem antes e o produtor tivesse como se planejar.

Estoques

A queda no preço do café foi sentida nos últimos dois anos, principalmente, devido à crise mundial e ao aumento da produção no Brasil e em outros países. Nesta semana a Colômbia, principal produtor mundial de café arábica suave lavado, anunciou ter superado as 9,9 milhões de sacas de 60 quilos durante o ano cafeeiro (outubro de 2012 a setembro de 2013). Isso significa 30% a mais que o mesmo período do ano passado.

Em seu melhor momento, a saca chegou a ser vendida no Brasil a mais de R$ 500. Hoje o mercado atua com o temor de que a oferta seja maior que a procura, o que derruba o preço e enche os armazéns. Nos galpões da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), que tem mais de 2 mil cooperados na região de Franca (SP), é possível ter ideia de como o mercado está parado. São muitas milhares de sacas empilhadas e quase nenhum caminhão sendo carregado.

Anselmo Magno de Paula, gerente do Departamento de Café da cooperativa, diz que somente 35% da safra atual foi comercializada, mas que o problema maior são os estoques de anos anteriores que se acumularam muito acima da média. Segundo ele, muitos produtores estão aflitos para vender a mercadoria porque têm contas para saldar. Mas, ele acredita, a venda para o governo pode ser uma boa opção para quem tiver condição de esperar até o próximo ano.
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