A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), se reuniram em Uberlândia, no Triangulo Mineiro, nesta quarta e quinta-feira (30 e 31), na Oficina Microrregional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, com o objetivo de alinhar estratégias e discutir com profissionais das áreas da saúde de a agricultura, o desenvolvimento de ações voltadas para a promoção da saúde do trabalhador com vistas aos riscos decorrentes do uso de agrotóxicos.
Para o Coordenador do Programa de Mitigação do Uso de Agrotóxicos da Seapa, João Nelson Rios, a parceria entre as instituições é melhor caminho para conseguir atender a toda a população que corre riscos de intoxicação direta ou indiretamente com agrotóxicos. “Temos a responsabilidade de mostrar para o Brasil que juntos nós podemos mais. Nosso principal objetivo é produzir alimentos, mas precisamos de alimentos e lavouras sadias para externar o potencial produtivo, mas por falta de conhecimento muitos produtores lançam mão do agrotóxico e seu uso traz riscos para o trabalhador, para o meio ambiente e para o próprio produto, que é desvalorizado e marginalizado pelo excesso de agrotóxicos”, conclui.
De acordo com a Diretora de Saúde do Trabalhador e Coordenadora dos Centros de Referência à Saúde do Trabalhador Elice Eliane Nobre Pinheiro, da Secretaria da Saúde, “a estratégia é desenvolver uma política de saúde para os trabalhadores rurais e populações expostas a agrotóxicos, informar aos agentes de saúde como lidar atender ao paciente vítima de intoxicação, estimular a notificação, e propor alternativas ao uso”.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN do Ministério da Saúde, o número de notificações de intoxicação exógena por agrotóxico relacionada ao trabalho em Minas Gerais, aumentou 42%, entre os anos de 2007 e 2012. No ano passado foram mais trezentos casos notificados. “Esse número poderia ser 50 vezes maior, já que na maioria das vezes o profissional de saúde que atende ao trabalhador rural não tem conhecimento da atividade realizada pelo paciente, e o próprio paciente não avisa que estava fazendo aplicação do veneno, o que dificulta muito a identificação da origem do problema do paciente”, salienta Pinheiro.
Na oficina, as equipes municipais de saúde e agricultura de 22 municípios da região se reuniram para propor um plano de ações, com estratégias para o trabalho integrado em âmbito microrregional e municipal. Os responsáveis e parceiros dessas áreas alinharam as informações com dados dos municípios, elencaram problemas prioritários e vão definir qual tipo de área deverá receber atenção especial. Depois deverão enviar um plano de ação à Secretaria de Saúde do Estado até o início de dezembro deste ano.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, segundo dados do IBGE. Enquanto a média mundial é de 2 kg por hectare ao ano, no Brasil a média é de 5 kg por hectare ao ano. Minas Gerais consome 1,68 kg de agrotóxicos por hectare ao ano, e é o sexto estado no ranking nacional.
