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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Agricultura

Incidência de lagarta aumenta e custos já estão 90% maiores

Nas fazendas da empresa Bom Jesus, de Mato Grosso (MT), o combate à lagarta Helicoverpa nas recém-plantadas lavouras de soja já elevou os custos de produção em no mínimo 15%, e esse valor pode aumentar mais durante o decorrer do cultivo caso as medidas de controle não sejam suficientes para reduzir o nível de reprodução da praga nos próximos meses. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola, os custos com inseticida já estão 92,13% maiores com relação à safra passada. Ontem, o Mato Grosso foi colocado em estado de emergência fitossanitária pelo governo federal, ao lado da Bahia, por causa da praga.


Segundo o coordenador de produção da Bom Jesus, Elton José Emanuelli, a região sul do Mato Grosso é a mais vulnerável do estado, pois a região está há um longo período sem chuvas.

Goiás deve ser o próximo a pedir o reconhecimento de estado de emergência, segundo o secretário substituto de Defesa Agropecuária do ministério, Ricardo Cavalcanti. No Piauí, pertencente à nova fronteira agrícola do País, o governo estadual já decretou internamente situação anormal por causa da praga, mas não sinalizou estado de emergência.

No ano passado, a lagarta atingiu lavouras de dez estados, incluindo Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, São Paulo, Maranhão e Piauí.

Neste ano, porém, a presença da Helicoverpa está mais intensa. Segundo o diretor executivo do Instituto Mato-grossense do algodão, Álvaro Salles, no início do monitoramento da lagarta com armadilhas, 30% dos animais pegos eram da espécie Helicoverpa armígera. Neste ano, a incidência do animal passou para 70%.

O estabelecimento do estado de emergência garante, entre outras coisas, que os produtores comprem o inseticida benzoato de emamectina, atualmente proibido de ser importado pelo Comitê Técnico de Agrotóxicos, formado por Ministério da Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente (Mapa), Anvisa e Ibama. O produto é tido como o único inseticida eficaz no combate direto à Helicoverpa armigera e já foi utilizado largamente na Austrália, onde a praga castigou a produção de grãos na década de 1990.

Mas, para ter acesso à emamectina, os produtores do MT e da BA terão que esperar mais um tempo. As agências de defesa sanitária dos dois estados terão que apresentar ao ministério um levantamento detalhado de quais propriedades e quais culturas estão sendo afetadas pela lagarta, para que a liberação da importação se dê proporcionalmente à necessidade, explica Cavalcanti. "É preciso saber as quantidades exatas, onde vão ser usados e como vão ser usados, inclusive sobre o descarte de embalagens".

Combate em várias frentes

Mesmo em estados que ainda não sinalizaram a requisição do estado de emergência fitossanitário, os produtores já vêm adotando medidas para combater a praga - que, diferentemente da safra passada, tornou-se uma preocupação já desde o plantio.

Em Goioerê, no oeste do Paraná, o agricultor José Sismeiro pretende dobrar a dosagem do princípio ativo em cada aplicação e ainda triplicar a quantidade de aplicações de defensivos em sua lavoura de soja. Ele afirma que o aumento da carga de inseticida nas plantas consegue matar entre 50% e 70% das lagartas.
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