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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Agricultura

Cultivo de fumo pode causar riscos à saúde de agricultores, diz estudo

Um estudo feito no município de Prudentópolis, na região central do Paraná, apontou que o fumo pode causar sérios riscos à saúde dos agricultores que trabalham no cultivo da planta. Além da alta quantidade de agrotóxicos utilizada durante o desenvolvimento do fumo, a colheita também pode causar problemas, pois ao arrancar a folha, o agricultor entra em contato direto com a nicotina, sofrendo intoxicações.


O agricultor Valdemar Santos, que trabalhou na lavoura de fumo durante doze anos, teve sérios problemas de saúde e, atualmente, tem dificuldades para caminhar. A suspeita é de que a exposição à nicotina e aos agrotóxicos tenham gerado os problemas. ”Ele te provoca náuseas, insônia, você nunca mais tem uma noite de sono tranquila”, revela o agricultor.

De acordo com o setor de epidemiologia de Prudentópolis, foram registrados 54 casos de intoxicações por agrotóxicos de 2008 a 2012, mas o número pode ser ainda maior. “Às vezes até em um caso mais crônico e até com depressão profunda, tentativa de suicídio. Nem sempre o médico pode lembrar ou a equipe de enfermagem lembra de perguntar ao paciente se ele trabalha ou já trabalhou com agrotóxico ou com proximidade à nicotina”, disse a enfermeira Maria Inês Zarpelon Martim.

A pesquisa realizada no município é feita pela prefeitura, o estado e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A proposta é avaliar a gravidade da situação e estabelecer planos de ação para que os agricultores saibam como lidar com essas doenças. Além disso, outros dados que podem ter relação com o fumo também estão sendo utilizados na pesquisa, como os 762 casos de câncer registrados em Prudentópolis, entre 2008 e 2012.

Santos ganhou na Justiça, em duas instâncias, o direito à indenização por parte da empresa tabagista. Entretanto, o pagamento ainda depende de um terceiro julgamento. “O governo tem que tomar uma posição porque, na verdade, a conta vai ser paga por ele. A partir do momento que o agricultor está bem de saúde, a empresa cuida dele, mas depois que ficou doente, o problema é do agricultor. E para aonde ele vai? Vai ao Sistema Único de Saúde (SUS), vai na Previdência Social e quem paga a conta é o governo. Então, se não houver uma posição forte por parte do governo, realmente, não vai ter solução”, alega a advogada Vânia Mara Moreira dos Santos.

Sindicato trabalha com orientação

Já o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) informou ao G1, em nota, que o setor tem dado atenção especial à saúde e à segurança do produtor. O sindicato orienta por meio de campanhas na televisão e no rádio, com a distribuição de cartilhas e realização de seminários, bem como coloca à disposição Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para aplicação de agrotóxicos e vestimenta específica para a colheita do tabaco.
Conforme o Sinditabaco, o 5º Ciclo de Conscientização sobre saúde e segurança do produtor e proteção da criança e do adolescente foi encerrado em 2013. Os seminários reuniram cerca de 12 mil produtores na região Sul do país. No Paraná, seis municípios receberam os seminários, incluindo Prudentópolis.

Ainda segundo o sindicato, o Brasil é o segundo maior produtor e o primeiro no ranking mundial de exportações de tabaco em folha. A liderança está relacionada à produção sustentável do tabaco no Brasil, com ações relacionadas à saúde e segurança do produtor. De acordo com pesquisas baseadas em dados oficiais do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o tabaco brasileiro é o produto comercial agrícola que menos utiliza agrotóxico.
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