Depois de subir na última terça-feira devido aos temores com o clima frio nos Estados Unidos, os preços do trigo despencaram ontem na bolsa de Chicago e atingiram o menor valor desde julho de 2010.

Os contratos futuros do cereal de segunda posição de vencimento - geralmente, os de maior liquidez - registraram queda de 2,75% ou 15,75 centavos de dólar no pregão de ontem na bolsa americana, negociado a US$ 5,56 por bushel.

Ainda que o clima frio que atinge os Estados Unidos permaneça como fonte de preocupação, a possibilidade de um impacto negativo sobre a produção de trigo de inverno do Meio-Oeste americano perdeu força.

Na seara climática, a expectativa dos analistas é que, ao menos no fim de semana, as plantas de trigo que estão em estado de dormência sejam protegidas por uma camada de neve. Com isso, ficariam a salvo do risco de geadas, que poderiam provocar o congelamento das lavouras, reduzindo a produtividade.

Além da expectativa "baixista" oriunda do clima, as cotações do trigo também são pressionadas pela maior oferta em produtores como Ucrânia e Índia, o que reduz o apetite pelo trigo americano. Importadores importantes como Egito e Arábia Saudita estão ativos no mercado, mas têm menor preferência pelo cereal dos EUA, que é mais caro.

Num contexto de médio prazo, é possível afirmar que a queda do trigo no pregão de ontem também está associada a uma revisão surpreendente das estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a oferta e demanda global do produto.

Em relatório divulgado em 10 de janeiro, o órgão americano elevou em 1,4% a projeção para o estoque global de trigo ao fim da atual safra 2013/14, para 185,4 milhões de toneladas. À época, o mercado previa exatamente o oposto, ou seja, um redução no estoque mundial. Grosso modo, a mudança feita pelo USDA deve-se ao corte de quase 2 milhões de toneladas na demanda pelo trigo americano.