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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Agricultura

Calor e estiagem afetam a oferta e o preço de hortifrútis

Em meio a recordes de temperatura e Estiagem prolongada em quase todo o País, produtores de hortifrutigranjeiros começam a sentir no bolso o efeito negativo do clima. Leandro Cavassin já perdeu entre 40% e 50% de sua produção de hortaliças e legumes em Colombo, no cinturão verde de Curitiba (PR). "E daqui para frente, se não chover, a perda vai ser maior", estima o produtor. Sua principal perda foi no cultivo de couve-flor - um hectare plantado com a hortaliça já foi completamente inutilizado. Na área plantada com abobrinha, ele tem colhido apenas metade das habituais 400 caixas por hectare.


"Mesmo irrigando, a planta queima. A Abelha também não poliniza direito e não solta a flor", afirma. Segundo Cavassin, que é presidente da Cooperativa de Colombo, a preocupação maior é com a produção no próximo mês, já que o clima quente e a Estiagem há mais de 15 dias estão impedindo novos plantios, o que deve reduzir a produção nas próximas semanas. Cavassin está com três hectares de terra sem semear. "[A remuneração] agora está estável, o problema será daqui a um mês, porque não plantei agora e não vou ganhar no futuro."

A situação se repete em todo o estado. Segundo o gerente da Ceasa do Paraná, Valério Borba, a preocupação é que o clima afete a produção e aumente os preços nos próximos 20 dias. "Principalmente quem produz folhas está bastante preocupado. Para alguns produtores, está complicado irrigar durante o dia porque com o calor, se irrigar, pode perder mais a qualidade", afirma.

Na região metropolitana de Curitiba, já foram afetadas as produções de couve-flor, brócolis, repolho, chuchu, pepino, pimentão, couve-manteiga, rúcula e agrião, afirma o presidente da cooperativa de Colombo.

O cinturão verde gaúcho também já está sendo afetado. Em Caxias do Sul, que abastece 40% da Ceasa de Porto Alegre, o calor já prejudicou as folhas e a produção de maçã gala. "Elas estão amadurecendo muito rápido. Se antes eram de 20 a 30 dias, agora ficam maduras em uma semana", compara Valmir Suzin, presidente do sindicato rural da cidade. Com o encurtamento do ciclo de maturação da fruta, o temor é que a maçã estrague mais rapidamente nas câmaras e que haja um desequilíbrio na oferta, maior no curto prazo e escassa no médio. "Está entrando tudo no mercado agora e depois não entra mais."

De acordo com a Ceasa gaúcha, o impacto da produção menor só foi percebido no preço das folhas. Na semana passada, o preço da alface subiu de R$ 1 para R$ 1,25, e na couve-flor passou de R$ 1,67 pra R$ 2,50. Também faltou vagem por causa do abortamento de flores.

A produção de frutas no Rio Grande do Sul também está ameaçada. Segundo relatório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do estado, as altas temperaturas têm prejudicado a qualidade do morango e a quantidade de pêssegos. No caso dos citros, o clima tem favorecido o ataque de pragas, como larva minadora e pulgão.

Em São Paulo, a produção ainda não foi afetada significativamente. O único aumento de preço ocorreu na alface, de 18%. "Mas a tendência é de aumento de preço e menor produção para fevereiro", prevê Flavio Godas, economista da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Também em Minas Gerais não tem sido observada nenhuma quebra na produção, o que deve se manter nos próximos 15 dias, assegura o chefe de mercado da Ceasa mineira, Ricardo Martins.

Efeito La Niña

Embora o fenômeno La Niña não ocorra há mais de dez anos, até novembro a atmosfera vinha respondendo com se o fenômeno estivesse ocorrendo. "No ano passado, a água ficou um pouco mais fria, mas por um período muito longo. Mesmo que o desvio não tenha sido grande, a atmosfera começou a responder como se fosse La Niña", afirma Celso Oliveira, da Somar.
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