Olhar Agro & Negócios

Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Notícias | Agricultura

Alimento biofortificado rende mais que a média nacional

Pequenos agricultores rurais do município de Magé, que receberam da Embrapa Agroindústria de Alimentos ramas de batata-doce biofortificada para plantio, obtiveram colheitas acima da média, apesar da estiagem que se estendeu por cerca de 40 dias na região, no início deste ano.


Fazendo uma projeção pela área que foi plantada “e pelo rendimento” alcançado, o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, José Luiz Viana de Carvalho, disse à Agência Brasil que o resultado “deu acima da média nacional”, que são oito toneladas por hectare, de acordo com a Embrapa Hortaliças. Segundo Viana, se plantada em uma escala maior, a produtividade atingiria em torno de dez toneladas. “É sinal que, se a gente der um tratamento, um carinho na criança, a gente vai conseguir, e muito, melhorar o que fez”, externou.

O município de Magé integra o grupo de cidades do Rio de Janeiro que recebem cultivares biofortificados, dentro da Rede BioFORT. Os outros municípios fluminenses parceiros do projeto são Pinheiral e Itaguaí. A biofortificação é um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, também conhecido como melhoramento genético convencional, que gera cultivares mais nutritivos. O objetivo é diminuir a desnutrição e propiciar maior segurança alimentar por meio de maiores níveis de ferro, zinco e pró-vitamina A na dieta da população, sobretudo a mais carente.

A Rede BioFORT abrange 59 municípios de nove estados: Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Rondônia e Pará. Os alimentos cujo valor nutricional vêm sendo enriquecido pelos técnicos da Embrapa Agroindústria de Alimentos englobam hortaliças, grãos e raízes. Ao todo, são oito culturas no Brasil: arroz, feijão comum e feijão-caupi (fradinho), milho, trigo, batata-doce, mandioca e abóbora.

Para ser viabilizado, o projeto deve contar com a participação de outros atores, além da Embrapa Agroindústria de Alimentos, destacou Carvalho. No caso de Magé, por exemplo, o plantio da batata-doce biofortificada pôde se tornar realidade graças a acordo firmado entre a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a prefeitura de Magé, por meio da secretaria municipal de Agricultura Sustentável e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-RJ).

Carvalho acredita que Magé tem todas as condições para apoiar a agricultura familiar. A cidade já é um polo produtor de hortaliças. Ele disse que a ideia é continuar atuando para melhorar a produtividade de alimentos enriquecidos na região. O secretário municipal de Agricultura Sustentável de Magé, Aloísio Sturm, quer dar continuidade à parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos nesse projeto de biofortificação.

“Tudo que a Embrapa trouxer para nós é bem-vindo, porque a gente conhece a Embrapa, sabe da importância de suas pesquisas, e a gente está aqui para multiplicar os resultados que a Embrapa faz acontecer”, manifestou Sturm. Ele disse que, para os pequenos produtores, novidades como essa podem significar oportunidades boas de mercado; inclusive quanto à merenda escolar, porque "o nosso foco com essa batata biofortificada é a merenda escolar”.

A batata-doce biofortificada tem polpa de cor alaranjada e casca vermelho-arroxeada, de superfície lisa. O agricultor Matheus Cardoso Teixeira, que participou do projeto em Magé, na Fazenda Pau Grande, disse que “a batata-doce é muito boa porque, com as 15 ramas que recebi da prefeitura, em convênio com a Embrapa, plantei o equivalente a 2 metros de canteiro e colhi 8 quilos”. Se tivesse plantado uma batata-doce comum, Matheus informou que não teria colhido mais que 4 quilos do alimento.

O produtor Laerte Luiz da Rosa, de 54 anos, dedicou toda a sua vida à agricultura familiar e quis participar do projeto. Ele colheu 15 quilos de batata-doce enriquecida na primeira vez que plantou. ”Achei a batata-doce biofortificada muito boa”, disse ele, e adiantou que na segunda safra, que deve colher no início de março, espera retirar em torno de 60 caixas para comercializar no mercado. Em relação ao paladar, foi categórico: “É muito bom. Está aprovado”.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet