A estiagem, a falta de semente e a mão de obra cara estão fazendo com que muitos agricultores desistam do cultivo da mandioca, em Feira de Santana, na Bahia. Nos últimos anos, a área plantada na região diminuiu bastante e as casas de farinha desapareceram.

No distrito de Maria Quitéria, zona rural de Feira de Santana, o agricultor Pedro Moreira observa a roça de mandioca, onde o plantio foi feito há quase um ano e as raízes já deveriam ter sido colhidas, o que não foi possível por causa da estiagem.
O tempo até que mudou nos últimos dias, mas a chuva que caiu não foi suficiente para salvar a produção. Desanimado, o agricultor, que já foi um dos maiores produtores de mandioca do local, vem investindo cada vez menos.

A mandioca já esteve presente em quase todas as propriedades, só que nas últimas duas décadas, o cultivo foi reduzido em quase 80%. O principal motivo são os períodos de estiagem, cada vez mais longos.

Mizael de Jesus também acha que não vale mais a pena investir na mandioca. Hoje, boa parte do roçado deu lugar a outros cultivos, como o da laranja.

Com a escassez do produto, os comerciantes da região, que compravam a saca de mandioca por R$ 90, estão pagando agora R$ 140.

Os reflexos já chegaram às casas de farinha da região, que praticamente pararam de funcionar. Em uma delas onde antes trabalhavam 20 pessoas, agora apenas quatro dão conta do processamento da matéria-prima cada vez mais escassa.

A lavradora Augusta Pereira lembra que no local já foram processados 12 mil quilos de farinha por ano. Atualmente, o total não chega a mil quilos anuais.

Com a falta da produção local, toda a farinha comercializada no Centro de Abastecimento de Feira de Santana está vindo de outras regiões da Bahia e até de outros estados. A farinha de primeira está sendo vendida a R$ 4 o quilo e os consumidores reclamam.