“O curso é recomendando não apenas aos trabalhadores rurais. Todas as pessoas devem participar, afinal, ninguém está isento de presenciar um acidente, seja em casa, no trabalho, na escola...”, destaca o instrutor Eduardo Gomes.

“O trabalhador rural tem particularidades e riscos ocupacionais específicos, que podem afetar a sua saúde a curto, médio e longo prazo, causando danos em função de sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição. Podem ocorrer acidentes com lesões imediatas ou doenças ocupacionais. Tais acidentes podem trazer como consequência a incapacidade ou mesmo levar à morte”, ressalta Gomes.

A também instrutora Elizabeth Andrade Ribeiro de Oliveira enumera dois motivos para afirmar a importância do curso. “Pela exposição destes trabalhadores a um grande número de riscos e porque ainda temos um alto número de pessoas que trabalham por conta própria, não registrando os acidentes.” Segundo Elizabeth, os agentes que mais causam acidentes no setor rural são máquinas e implementos agrícolas; ferramentas manuais; agrotóxicos; animais domésticos e peçonhentos; além do estresse vivido pelo trabalho exaustivo e dos acidentes de percurso, que criam oportunidades adicionais para acidentes. “Uma constatação é o número cada vez maior de acidentes com motocicletas na área rural.”

De acordo com Gomes, no curso, o participante aprende a reconhecer uma situação de urgência e emergência, sua gravidade, além, claro, de prestar os cuidados imediatos necessários ao atendimento correto, desde acionar o sistema de emergência até o transporte da vítima para uma unidade hospitalar. “Alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento, evitar complicações futuras e até mesmo salvar vidas.”

Elizabeth afirma que a faixa etária mais atingida pelos acidentes é a compreendida entre 18 e 39 anos, sendo a maioria das vítimas do sexo masculino. “Entre os problemas mais diagnosticados estão lesões nos olhos, queimaduras, cortes nas mãos e intoxicações por agrotóxicos.”

O curso

O curso oferecido pelo SENAR MINAS tem carga horária de 32 horas, sendo 15% da carga horária destinada à prevenção de acidentes, que tem como foco a prevenção aos animais peçonhentos e domésticos, e 85% aos primeiros socorros, que é ministrado, prioritariamente, por meio de aulas práticas. O segundo tema proporciona que os participantes participem das simulações de situações de atendimento às Urgências Clínicas e Traumáticas.

Nas Urgências Clínicas destacam-se os atendimentos às situações de desmaio, convulsão, obstrução respiratória (engasgo), infarto, Acidente Vascular Encefálico (AVE ou derrame) e intoxicações, que são as mais vivenciadas pelos participantes. Nas Urgências Traumáticas destacam-se os atendimentos aos ferimentos, hemorragias, queimaduras, fraturas e transporte de acidentados. “O tema ressuscitação cardiopulmonar é sempre alvo do entusiasmo de todos e o parto de emergência é alvo da curiosidade geral”, destaca Elizabeth.

Salvando vidas

“Sempre que retorno aos locais onde ministrei treinamento, encontro alunos que relatam com entusiasmo os atendimentos praticados por eles, citando que a desobstrução respiratória tem salvado vidas. Além disso, sempre citam prestação de socorros em casos de ferimentos, fraturas, desmaios e convulsões”, relata a instrutora. Para ela, o curso é uma excelente oportunidade de se discutir muitos mitos e tabus, “fazendo com que haja mudança de atitudes praticadas de maneira errada, seja por falta de atualização ou informação.”