Rio Grande do Sul, um dos exemplos de empreendedorismo que transforma trabalhador o rural em produtor de maçãs fica em Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra.
Instalado numa das melhores e mais produtivas regiões do país, que, junto com Santa Catarina, responde por quase toda produção nacional da fruta, Artur Michelon é o que se chama de médio agricultor.
Atuando no campo desde 1984, deixou Montenegro e foi atrás do velho sonho de futuro. Passou de funcionário a pequeno proprietário depois aceitar comprar dos donos uma área na qual ainda trabalhava, com algumas condições. Tinha experiência, mas não era administrador. Apoiado pela família, começou a cultivar as próprias maçãs.
Hoje é técnico agrícola e, além de cuidar da propriedade, gerencia uma cooperativa e presta assistência técnica a outros agricultores. No período de colheita de janeiro a maio - chega a ter 200 ajudantes.
Para reduzir as perdas por causa dos granizos, típicos na região, fez financiamento pelo Governo Federal, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), que lhe permitirá cobrir ao menos 16 hectares de pomares. O restante, porém, "só quando puder".
No Estado, o setor renegociou 105 contratos com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), totalizando R$ 74,5 milhões em operações. "Esse é o verdadeiro seguro agrícola para quem cultiva maçãs", afirma.
No dia 11 de abril de 2014, enquanto tratores iam e vinham com caixas lotadas, Michelon sorria. Atencioso e dedicado, olhava detalhadamente cada uma das centenas de caixas empilhadas à espera dos caminhões. Das dez mil toneladas de capacidade de estoque na cooperativa, seis devem ser vendidas e quatro serão armazenadas para comercializar quando o preço estiver mais alto. "É a forma que temos de ter renda o ano todo".
Filhos no campo
Michelon é um exemplo também de produtor que tem a sucessão rural garantida. A filha, engenheira agrônoma, colabora na área administrativa da cooperativa; o filho está por ser formar também engenheiro agrônomo e ajuda o pai na lida diária, já que a atividade é eminentemente braçal.
Redução de agrotóxicos
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgará, em breve, que o Brasil está livre da praga mais danosa às culturas da maçã: a lagarta cydia pomonella, sem ocorrências no País há dois anos. Ainda que não tenha tido perdas, Michelon, "um colono assumido", defende uma agricultura mais saudável. Com o anúncio de erradicação da praga, ele, que preveniu-se com armadilhas, assegura que poderá diminuir o uso de agrotóxicos.
