A péssima condição das estradas no Piauí dificulta o escoamento da safra de grãos. A Rodovia Transcerrado, principal rota no sul do estado, está cheia de buracos e quem fica no prejuízo são os agricultores, que precisam pagar mais pelo frete.

O gaúcho Fábio Dallaglio chegou ao Piauí há nove anos e investiu alto na produção de grãos na região de Bom Jesus, no sul do estado. Nesse tempo, a área plantada na fazenda dele passou de 2 mil para 11 mil hectares, mas há um obstáculo que é sempre motivo de preocupação. “O gargalo continua sendo as estradas. Os caminhões estão sempre quebrados e o preço do frete é exorbitante”, diz.

Os caminhões carregados de soja têm dois destinos principais: empresas compradoras instaladas no local ou os Portos de Itaqui, no Maranhão e Pécem, no Ceará.

A rodovia estadual PI-287, mais conhecida como Transcerrado, tem uma extensão de 360 quilômetros e corta praticamente toda a região produtiva no sul do Piauí. Em alguns trechos, a situação é tão ruim, que mesmo já no fim do período chuvoso, os caminhões passam com dificuldade.

Cerca de 150 quilômetros da Transcerrado não tem asfalto. Alguns trechos têm muitos buracos e lama, que deixam a viagem lenta e mais cara. O valor do frete por tonelada passou de R$ 110 na safra passada para R$ 150 e quando o caminhão quebra, os prejuízos são ainda maiores.

Trecho da estrada em melhores condições são resultado do esforço dos produtores que tiram do próprio bolso o dinheiro para o serviço. A colaboração de cada um depende da área plantada, são R$ 50, em média, por hectare e a reforma acontece duas vezes por ano.

No Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí, o diretor Severo Eulálio diz que ainda não tem previsão de quando as obras vão chegar ao trecho mostrado na reportagem, mas que os trabalhos já começaram na Transcerrado.