No noroeste de Minas Gerais, não chove pra valer há bastante tempo, mas mesmo assim, os produtores de verduras e legumes de Montes Claros estão conseguindo colher a produção durante o ano todo. Um projeto de incentivo de boas práticas ambientais, que começou há 10 anos, faz parte da conquista.
Quem vê a lavoura verdinha, a produção farta, nem imagina que a região é o norte de Minas Gerais, onde chove, em média, 900 milímetros por ano, índice compatível com o semiárido nordestino. Apesar disto, água é o que não falta na comunidade de Planalto, zona rural de Montes Claros.
O projeto de convivência com a seca começou há 10 anos, quando produtores rurais resolveram investir na preservação de nascentes. Cercadas, elas ficam protegidas da presença de animais e a vegetação nativa, no entorno, foi conservada.
Outro fator que contribui para a conservação dos recursos hídricos são as barraginhas. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), cada uma consegue armazenar, no período chuvoso, 4 milhões de litros de água. Por ser uma terra arenosa, 80% deste volume infiltra no solo e reabastece os lençóis freáticos. Trezentas barraginhas estão distribuídas em 300 hectares.
Córregos que antes ficavam secos, agora têm água o ano inteiro e abastecem reservatórios. Pelo sistema de gravidade, a água chega até a lavoura e lá, a plantação é irrigada fazendo uso racional do recurso hídrico.
O agricultor Antônio Borges mudou o jeito de plantar e conta que depois que começou a fazer rotação de cultura a produção melhorou.
Por semana, os 97 agricultores produzem 40 toneladas de hortaliças e legumes, que são vendidos na Ceasa de Montes Claros. Essa fartura, no passado, era apenas um sonho no sertão.