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Sábado, 20 de julho de 2024

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Arroz: os preços mundiais mantêm tendência baixista

A possível inflexão da política tailandesa deve também pesar sobre as orientações dos preços mundiais durante os próximos meses. O governo tailandês, depois de haver anunciado um corte no preço de intervenção, parece dar um passo atrás sob pressão de seu eleitorado rural. O governo tailandês busca também como se desfazer de suas grandes reservas acumuladas e poder, assim, financiar o custoso programa de hipotecas. A equação será, sem embargo, difícil de resolver. Fora das pressões internas, a situação externa é pouco vantajosa para os exportadores: abundantes disponibilidades exportáveis e uma demanda mundial de importação declinante em 2013. A postura do governo tailandês será crucial para o mercado mundial. Como vender suas reservas de arroz sem provocar a derrubada dos preços mundiais?


Em junho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 4,5 pontos para 228,7 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 233,2 pontos em maio. No início de julho, o índice IPO continuava baixando para 225 pontos.

Produção e Comercio Mundiais

Segundo a FAO, a produção mundial em 2012 incrementou 1% para 734,7 milhões de toneladas (490Mt base arroz beneficiado) contra 726,9Mt de arroz em casca em 2011. Esta relativa estabilidade se deve ao equilíbrio entre as colheitas asiáticas. Os bons resultados na China compensaram amplamente a ligeira redução da produção na Índia. As primeiras estimativas para a campanha 2013 indicam um aumento de 2% da produção para 749Mt (500Mt na base arroz beneficiado). Estas estimativas têm como base condições climáticas favoráveis na Ásia. No resto do mundo, a produção deve se manter estável. Na América do Sul, as áreas semeadas serão menores, enquanto na América do Norte as colheitas podem diminuir por causa de problemas de seca.

Em 2012, o comércio mundial marcou um novo recorde alcançando 38,6Mt, aumento de 6% em relação ao recorde anterior de 2011. Em 2013, as previsões indicam uma redução da demanda asiática, o que afetará o comércio mundial, o qual baixaria 3% a 37,6Mt. Este volume representa, não obstante, um nível bem superior à média dos três últimos anos.

Os estoques mundiais de arroz no final de 2012 alcançaram níveis históricos de 161,7Mt, alta de 11% em relação a 2011. Em 2013, as estimativas apontam um novo recorde de 173,7Mt (+7,4%). As primeiras indicações para 2014 mostram uma nova alta para 182Mt. Estas reservas representariam, assim, 36% das necessidades mundiais, sendo a mais alta relação observada nos últimos dez anos.

Mercado de Exportação

Na Tailândia, os preços cederam 5% em junho, principalmente por causa da desvalorização do bath frente ao dólar. Nos três últimos meses, os preços de exportação tailandeses caíram 15%. Ainda assim, o diferencial de preços com o Vietnã segue sendo importante (+25%). O sistema de preços hipotecários está a ponto de implodir devido ao alto custo para as finanças públicas. O governo está tratando de diminuir o preço de intervenção de 20% e de limitar os volumes de compras a preços bonificados. Apesar da popularidade da política de preços dentro do eleitorado rural do governo atual, uma inflexão é provavelmente necessária para preservar a estabilidade econômica do setor arrozeiro e reativar as exportações. Mas há um alto risco de gerar tensões sociais e contribuir para uma queda dos preços mundiais; a não ser que o governo tailandês decida guardar indefinidamente suas reservas de arroz que foram compradas por 50% acima dos preços de mercado. Em junho, o Tai 100%B foi cotado a US$ 508/t Fob contra $ 534 em maio. O Tai Parboilizado, por sua vez, resistiu mais, cedendo apenas 1% a $ 549/t contra $ 555. O quebrado A1 Super segue baixando a $ 473/t, contra $ 495 anteriormente.

No Vietnã, os preços de exportação se mantiveram relativamente estáveis, baixando somente 0,5%. Apesar de um mercado pouco ativo, as vendas externas se encontram quase equivalentes aos volumes exportados na mesma época do ano anterior. As vendas devem se reativar nas próximas semanas, quando os clientes tradicionais começarem a se abastecer. A China constitui o primeiro destino, absorvendo quase 40% das exportações vietnamitas. Segundo as primeiras estimativas para 2014, o Vietnã poderia lançar-se ao primeiro lugar do ranking mundial, vinte e cinco anos depois de sua notória entrada na cena internacional do arroz. Em junho, o Viet 5% foi cotado a $ 376/t contra $ 378 em maio. O Viet 25% marcou $ 355/t contra $ 358 anteriormente.

Na Índia, os preços de exportação também mostraram uma certa estabilidade. Para tratar de conter altas nos preços locais, o governo central decidiu liberar uma parte de suas reservas destinadas ao mercado interno. Apesar da inflação interna, os preços para exportação se mantêm competitivos e devem permitir manter a liderança no mercado mundial em 2013, com 8,6Mt, diante do Vietnã e da Tailândia. Em junho, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 445/t contra $ 450/t em maio. O arroz indiano 25%, por sua vez, se manteve firme em $ 399/t contra $ 396 em maio.

No Paquistão, os preços de exportação subiram 5% em um mês, marcando uma exceção em relação a outros mercados asiáticos. Os preços paquistaneses se encontram acima dos preços indianos. Atualmente, a oferta de exportação está mais escassa, mas pode melhorar nos próximos meses graças ao incremento de 15% na produção em relação a 2012. Em 2013, as exportações podem alcançar umas 3Mt. Em junho, o Pak 25% foi cotado a $ 401/t contra $ 381/t em maio. No início de julho, os preços tendiam a cair para $ 390/t.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação cederam 3,5% em junho. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 609/t contra $ 630 em maio. Não obstante, o mercado de exportação esteve mais ativo. As exportações registram um aumento de 17% em relação à mesma época de 2012. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros se mantiveram globalmente firmes, mesmo apresentando um declínio desde meados de junho. Em junho, os preços futuros do arroz em casca tiveram uma média de $ 350/t contra $ 338 em maio. No início de julho, esses tendiam a cair para $ 340/t.

No Mercosul, os preços continuaram firmes em função de escassas disponibilidades exportáveis. As exportações devem baixar 10% no geral, em relação a 2012. No Brasil, o preço indicativo do arroz em casca caiu 5%, marcando uma média de $ 311/t em junho contra $ 311/t em maio. Esta redução se deve, sobretudo, à desvalorização do real frente ao dólar. No início de julho, o preço indicativo se estabelecia em $ 305/t.

Na África subsahariana, apesar das intenções de aliviar a dependência frente ao mercado internacional, as importações de arroz continuam sendo ativas. Em 2013, estas podem alcançar cerca de 12Mt contra 13 Mt em 2012. As importações podem diminuir na Nigéria e no Senegal graças a um aumento da produção arrozeira. Mas este incremento continua sendo insuficiente frente a uma demanda africana que cresce a um ritmo de 5% ao ano sob o duplo efeito do crescimento demográfico e do aumento do consumo per capita.
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