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Sábado, 20 de julho de 2024

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Estoques globais de arroz atingem maior nível em 12 anos

Os estoques mundiais de arroz estão em seu maior nível em 12 anos, resultado de uma produção recorde, e esse excedente contribui para um aumento da oferta agrícola que poderá diminuir a conta global de importação de alimentos, para US$ 1,1 trilhão este ano, 13% abaixo do recorde de US$ 1,26 trilhão de 2011. O Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) estima que as reservas do produto vão crescer pela sétima safra seguida em 2013/14 - 2,7%, para 108,6 milhões de toneladas.


A produção deverá subir 1,9%, para 479,2 milhões de toneladas, 2,8 milhões acima da demanda. O preço da tonelada do arroz branco tailandês 5% trincado, referência na Ásia, tende, assim, a cair 13% até dezembro, para US$ 455, segundo a média das previsões de oito traders e analistas consultados pela Bloomberg.

A produção mundial conjunta de arroz, milho, soja e trigo deverá bater um novo recorde, sobretudo por conta das recuperações observadas nos Estados Unidos e na Europa depois das quebras provocadas por severas estiagens na safra 2012/13, segundo ao USDA. Os preços médios de trigo, milho e soja já estão em baixa e contribuíram para dois meses consecutivos de queda nos custos globais dos alimentos monitorados pela FAO, braço das Nações Unidas.

Os estoques de arroz, alimento básico em metade do planeta, estão agora equivalentes a quase três anos de comercialização. "Indiscutivelmente há um excesso mundial de oferta. As safras estão muito boas em todo lugar", afirma Mamadou Ciss, presidente da Alliance Commodities, empresa com sede em Genebra, na Suíça, que faz negociações com arroz há quase três décadas.

Nesse contexto, o preço do arroz tailandês já caiu 10% este ano, para US$ 534 a tonelada, enquanto o Standard & Poors GSCI Agriculture Spot Index, composto por oito commodities, recuou 16%. Os aumentos de produção e estoques de arroz significam que demanda por importações deverá ser menor. Segundo a FAO, cairá para 37,6 milhões de toneladas em 2013/14, no primeiro recuo em quatro anos. Os estoques globais aumentaram 44% desde a safra 2006/07, de acordo do USDA.

Subsídios governamentais estão encorajando a produção tailandesa, mesmo com a queda dos preços e o aumento dos estoques. A Tailândia, que já foi o maior exportador do mundo, gastou US$ 18,9 bilhões para estocar 27 milhões de toneladas de arroz beneficiado desde outubro de 2011, sob uma política que paga aos agricultores até 50% mais que os preços do mercado doméstico.

Conforme o USDA, a produção do pais deverá crescer 4,5% em 2013/14, para 21,1 milhões de toneladas. A Tailândia perdeu cerca de US$ 4,4 bilhões com seu programa de compras na última safra, segundo estimativa do governo, e a agência Moodys Investors Service informou, em junho, que essa política está minando os esforços para equilibrar o orçamento tailandês até 2017.

O governo manteve o preço de compra e disse que continuará vendendo arroz de seus estoques. A Exporters Association India, maior exportadora mundial do produto no ano passado, aumentou o preço mínimo que paga aos agricultores para um nível recorde. Mas prevê uma queda de 6% nos embarques, para 9,5 milhões de toneladas nos 12 meses até 31 de março, segundo Vijay Setia, ex-presidente e membro da All India Rice Exporters Association.

O USDA diz que a produção indiana aumentará 3,8%, para o recorde de 108 milhões de toneladas. O aumento da produção asiática será em parte compensado por uma oferta menor nos EUA, o quarto maior exportador mundial, cuja produção deverá cair 4,7%, para 6,04 milhões de toneladas, menor nível em dois anos. A queda reduzirá os estoques americanos ao menor nível desde 2009, conforme o USDA.

As cotações dos contratos futuros de arroz bruto na bolsa de Chicago subiram 2,3%, para US$ 14,88 por 100 libras (45,35 kg), desde que caíram ao menor nível em oito meses, em março. A China, maior país consumidor e importador do mundo, deverá comprar 3 milhões de toneladas - outro recorde -, segundo o USDA. O país está importando mais porque os preços estão menores que os domésticos, informou o serviço de pesquisas econômicas do USDA em meados do mês passado.

A descoberta de cádmio, um metal tóxico, em arroz produzido no sul da China também serviu para elevar a demanda do país por importações, segundo a consultoria Beijing Orient Agribusiness Consultant. Mas as importações globais estão encolhendo, segundo a FAO. As compras da Nigéria, que liderou as importações em 2012, deverão cair 10%, para 2,7 milhões de toneladas.

Já as importações da Indonésia, que ocupa o terceiro lugar nesse ranking, tendem a cair 28%. "O mercado está comprador, com uma grande oferta de arroz e outros grãos ao redor do mundo", diz Kiattisak Kanlayasirivat, diretor em Bangcoc da Novel Commodities, que comercializa US$ 600 milhões em arroz/ano.

A produção mundial de trigo em 2013/14, por sua vez, será a segunda maior já registrada, com aumento de 6,1% sobre 2012/13, para 696 milhões de toneladas, também conforme o USDA. E os agricultores também vão colher as maiores safras de soja e milho da história. A produção combinada dessas três culturas, mais o arroz, vai crescer 7,7% para 2,42 bilhões de toneladas, segundo dados compilados pela Bloomberg a partir das estimativas do USDA.

Nos EUA, maiores produtores agrícolas do mundo, os produtores cultivaram nesta safra a maior área de milho desde 1936. Já a área plantada com trigo é a maior em quatro anos, e a de soja bateu recorde.

Nesse contexto, o índice de preços globais de alimentos da FAO caiu 0,9% em junho, e o indicador dos cereais caiu pela oitava vez em nove meses. Os custos estão 11% abaixo do recorde de fevereiro de 2011.
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