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Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Economia

Mecanização preocupa setor sucroalcooleiro, que enfrenta custo crescente

Cerca de 30% da produção paulista são feitos por agricultores independentes, que não detêm capital para arcar com a mecanização e em cujos canaviais, geralmente pequenos, a atividade das máquinas não cabe bem.

"Ou as usinas assumem o corte; ou os agricultores se reúnem em consórcios e associações", diz Maria Christina, a respeito da nova orientação do setor, ao considerar que o preço médio de uma colhedora é de R$ 850 mil.

Algumas usinas planejam devolver terras arrendadas de produtores rurais a seus próprios donos, segundo a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana).A preocupação é transferir os custos da proibição à queima de palha - prevista para 2014, mas que foi antecipada, em caráter liminar, em certas cidades de São Paulo, conforme ação recente do Ministério Público Federal.

"Se a usina paga R$ 6 por tonelada queimada, deve pagar R$ 15 pela crua", afirma um porta-voz da usina Santa Cruz, de Américo Braziliense (SP), que não terá de arcar com esse aumento de custo, pois 93% da área de seu canavial são mecanizáveis.

A vice-presidente da Orplana, Maria Christina Pacheco, faz outra conta: o corte de cana crua (sem queima nem uso de máquina, uma alternativa à nova exigência ambiental) custa 25% a mais do que o de cana queimada. O custo geral de produção era de R$ 66,76 no início do ano, batendo em R$ 68,11 (por causa de dissídio salarial) em julho, e ficou na faixa de R$ 67,88 em setembro.Nos últimos três anos, os custos de administração dos canaviais cresceram 15%, em função de insumos, meio ambiente e mão de obra, no Centro-Sul, ainda de acordo com a Orplana. "O Brasil tinha o custo de produção mais baixo do mundo até 2008. Agora, até na Europa é mais barato produzir cana", diz Maria Christina. "Espero que São Pedro melhor nossa produtividade no ano que vem."

Na quarta-feira, a representante reuniu-se com colegas de outras entidades, como a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) e a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), em Brasília, para "alinhar propostas" contra a crise que assola esse mercado no País inteiro.

Tendo em vista o caro processo de mecanização das lavouras, as alternativas propostas durante a reunião foram: redução de IPI para máquinas, financiamento específico e estímulo ao associativismo e aos consórcios. "Mas o grande problema, nesse momento delicado para o setor, é o preço do álcool, que não compete com a gasolina e não paga o próprio custo de produção", observa Maria Christina.

O setor descarta a chance de o governo federal parar de sustentar, por um motivo anti-inflacionário, o preço da gasolina. Então, a redução de ICMS é a medida mais ao alcance, baseando-se no piso de São Paulo (12%), muito abaixo dos de alguns estados do Nordeste (onde o imposto chega a 28% do produto colhido dos canaviais).
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