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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Resultado operacional agrada, mas potencial de Santos Brasil divide analistas

Na semana passada, a empresa divulgou resultados referentes ao terceiro trimestre "espetaculares", "acima do consenso", demonstrando um "momentum operacional excepcional", como descrevem alguns relatórios de corretoras. A receita líquida cresceu 23,9% em relação a igual período de 2011, chegando a R$ 354,3 milhões, e a participação de mercado no terminal de contêineres em Santos subiu para 56%. "O resultado foi positivo, com expressivos avanços em todos os segmentos operacionais", escrevem os analistas da corretora Coinvalores.

Quem conseguiu antever os bons resultados não deve ter se assustado com a queda que o papel tinha sofrido em setembro. Em relatório, os analistas do BTG Pactual explicam que a desvalorização recente se deu, principalmente, pelas preocupações com possíveis mudanças para as concessionárias de serviços públicos. De fato, depois que o governo anunciou as novas regras para o setor elétrico em setembro, a unit da empresa (ativo composto por uma ação ordinária e quatro preferenciais) perdeu quase 12% do seu valor em apenas um dia. Depois de algumas semanas, voltou a subir. Na segunda-feira, fechou cotado a R$ 29,30, o que representa uma valorização de 19,54% desde janeiro, como mostra o gráfico nesta página.

Nesse cenário de risco externo em potencial e resultados operacionais bons, a unit apresenta um potencial de valorização de, aproximadamente, 19% no período de 12 meses, segundo os dados compilados pela "Bloomberg". Para Henrique Kleine, analista-chefe da corretora Magliano, a possibilidade de ganhos é ainda maior. Ele acredita que ação possa a chegar a R$ 38,68 dentro de 12 meses, o que representa uma alta de 32% considerando a cotação de fechamento do dia 5 de novembro. Na conta, Kleine coloca o desempenho da empresa em Santos e também a melhoria operacional no porto catarinense de Imbituba, onde estão previstos novos investimentos. "A companhia informou que o porto começou a receber navios com mais de 300 metros de comprimento e a oferecer serviço voltado para o norte da Europa", afirma Kleine.

Para alguns analistas, porém, não há só calmaria no horizonte da empresa. "Embora os resultados tenham sido espetaculares (e deverão continuar fortes no quarto trimestre e em 2013), reiteramos a nossa recomendação de market perform (desempenho em linha com a média do mercado)", escrevem os analistas do Itaú BBA. Eles listam algumas incertezas, entre elas a disputa societária entre os controladores e também a renovação da concessão para o terminal no Porto de Santos. "Acreditamos que a empresa seja um ativo de boa qualidade com um valuation atraente; contudo, isto não é o bastante para compensar as incertezas mencionadas, especialmente o cenário turvo de renovação da concessão."

A possibilidade de a Santos Brasil não conseguir renovar seu contrato nas condições mais favoráveis também é levada em conta pela equipe de analistas corretora Brasil Plural, que posiciona a empresa como "underweight" (desempenho abaixo da média do mercado), e do Bank of America Merrill Lynch. Em relatório, os analistas do banco explicam que mantêm o rating como neutro por acreditar que "atual risco regulatório continua a pesar sobre o papel".

A visão dos analistas do BTG e da corretora Magliano é mais otimista. Ambos recomendam a compra. "Os contratos de alguns concorrentes expiram antes das concessões da Santos Brasil [que vão, em média, até 2022. Nesse sentido, a empresa poderia, inclusive, se candidatar a participar de outras concorrências", afirma Kleine.

Assim como o analista-chefe da Magliano, a equipe de análise do BTG Pactual também não considera relevante o risco de a Santos Brasil sofrer um ataque severo de novos competidores. A possibilidade foi apontada por um estudo conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que norteia as discussões do governo na elaboração do Plano Nacional de Logística Porturária (PNLP), como noticiou o Valor na semana passada. O estudo destaca a possível concorrência com a Embraport (Empresa Brasileira de Terminais Portuários) e com a BTP (Brasil Terminal Portuário). Ambas devem começar a operar no ano que vem. Em relatório, os analistas do BTG afirmam: "Os planos da BTP e da Embraport em adicionar uma capacidade anual total de 2 milhões de TEUs [quantidade equivalente a um contêiner de 20 metros] em 2015 são conhecidos há alguns anos. Por isso, já foram precificados no valor da ação".
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