Apicultores do centro-oeste de São Paulo usam mel para fabricar bebidas como vinho e cerveja. Pesquisas feitas pela Unesp, Universidade Estadual Paulista, mostram que o processamento do produto garante um preço melhor ao criador.
O criador Luciano Fidélis, que é apicultor há 12 anos, trabalha com abelhas que produzem o mel das floradas de eucalipto, laranjeiras e de plantas silvestres. Geralmente, os locais ficam longe da cidade e precisam ser visitados com frequência para ver se a produção está boa. Segundo os produtores, o trabalho de dedicação não é muito valorizado no mercado.

"Se entregar no entreposto, a gente entrega o nosso trabalho de mãos dadas. Mas se conseguir embalar, em uma venda fracionada, dá para agregar um valor melhor”, diz Fidélis.

Para tentar melhorar a renda dos produtores, a Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp constantemente desenvolve projetos que transformam o mel em produtos mais atrativos para o consumidor e mais lucrativos para o apicultor. Esse é o caso do hidromel, ou vinho de mel, como é chamado.

Há três anos, o pesquisador da universidade e apicultor Samir Moura Kadri, em sociedade com Fidélis, começou a produção artesanal do hidromel. “O hidromel é o processo de fermentação alcoólica do mel com levedura fermentação anaeróbica. Então, ele segue o mesmo processo de fabricação do vinho feito a partir do suco de uva. Hoje, a gente pode fabricar hidromel seco, intermediário e o suave”, diz.

Em galões de água adaptados é colocada a mistura de uma porção de mel, água e levedura. O preparo fica por dois meses dias fermentando até atingir uma boa qualidade. Apesar de simples, a bebida custa quatro vezes mais do que o mel puro. A garrafa com meio litro é vendida por uma média de R$ 15.

A cerveja de mel, que precisa de uma estrutura maior, é outra opção para agregar valor. Para a produção, os pesquisadores substituíram parte do malte pelo mel. O processo é praticamente igual ao da cerveja comum.
"O mel é uma fonte de açúcar que será usado na fermentação alcoólica da cerveja. Ele deixa odores e sabores interessantes para a produção da cerveja. O público, que geralmente reconhece o aroma e o sabor do mel, tem preferência por essa cerveja”, diz o agrônomo Waldemar Venturini.

Apesar do processo ser mais complicado, o mel como matéria prima de cerveja abre mais opções de venda e, consequentemente, provoca a avalorização do produto. Quem apostou na fabricação do hidromel está contente com o resultado.

Quem quiser mais informações sobre as pesquisas pode procurar o departamento de apicultura da Unesp de Botucatu, em São Paulo.