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Quarta-feira, 17 de abril de 2024

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Sobra beleza, falta investimento

MT tenta consolidar destinos como "produtos turísticos", mas esbarra em logística e infraestrutura

Foto: Reprodução/Marcos Lopes/ALMT

Complexo de cachoeiras Cristal, em Barra do Garças.

Complexo de cachoeiras Cristal, em Barra do Garças.

Mesmo abrigando centenas de destinos exuberantes, Mato Grosso ainda não conseguiu estabelecer suas belezas naturais como produtos turísticos, estruturados e formatados para atender o mercado de viagens. Os desafios para consolidação do Estado como opção aos turistas começam na logística, passam pelo preço das passagens e chega à capacitação dos profissionais do setor, que ainda não recebe a mesma importância que outros, como o agronegócio.

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É o que comenta a secretária de Turismo de Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Mônica Porto, que exemplifica a situação com situação do Parque Estadual da Serra Azul, na cidade, atualmente fechado pelo Ministério Público (MP). “É lindo, tem muitas trilhas, muitas cachoeiras, muitas cavernas, mas, mesmo quando era aberto, não oferecia sinalização, não tinha um guia, não tinha pessoal pra fazer a limpeza ou a segurança”, conta.  
Garça no Rio Pixaim - Pantanal / Reprodução - Rogério Florentino.
Na outra ponta, na mesma região, ela aponta o Parque das Águas Quentes. “Lá tem horário de funcionamento, equipe de limpeza, segurança, ingresso, funcionários para cada brinquedo. É assim que tem que ser.” Isso porque as operadoras que estão na ponta, em São Paulo, no Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, precisam ter a garantia de que estão vendendo um produto será entregue conforme o anunciado.

De acordo com o presidente da Associação de Agências de Viagens de Mato Grosso (Abav-MT), Joari Proença, Nobres e Pantanal são outros pontos famosos que sofrem com deficiências semelhantes . Em comparação ao município de Bonito, no Mato Grosso Sul, ele lembra que a vantagem de lá é que os investimentos começaram muito antes que aqui. “Além disso, pelo fato de Nobres ser um assentamento, muitas questões de documentação acabam dificultadas.”

Para ele a atuação de profissionais não regulamentados é outro aspecto prejudicial ao setor. “O que falta hoje é uma legislação que contemple as operadoras, porque temos uma dificuldade grande por conta das empresas que não estão regulamentadas ainda. Há vans não legalizadas, vans escolares trabalhando no turismo, por exemplo.”
Índio Paresi/ Reprodução- Rogério Florentino.
Na região de Campo Novo dos Parecis (390 km de Cuiabá), além dos problemas já mencionados, empresários que apostam no turismo étnico também precisam lidar com a burocracia. O proprietário de uma agência de viagens no município, João Ricardo Bispo, conta que os desafios enfrentados são maiores que os observados no turismo de aventura e contemplação. “Neste caso o turista faz uma imersão na cultura indígena, com atividades como arco e flecha, canto, dança, contos. Por isso um cuidado maior, que envolve uma série de autorizações.”

A favor do Estado, há a divulgação dos atrativos e os preços cobrados pelos passeios, considerados razoáveis. “O que acontece é que chegar aos locais é complicado. Muitos municípios só tem acesso rodoviário e às vezes até esse é precário. Os horários de voo também são meio fora do contexto das conexões nacionais”, diz Mônica.

A respeito do Cadastur

Neste contexto, o Cadustur se apresenta como uma ferramenta que vai além da regulamentação, podendo viabilizar a captação de recursos federais para o setor. Mônica Porto explica que o programa tem três pontas: o Ministério, o município e o empresário. Assim, de acordo com o número de cadastrados, as cidades são classificadas entre as letras A e E. “Só conseguem ser A as capitais, porque o fluxo é muito grande. B é o melhor para cidades que não são capitais, como Barra”, diz.
Aquário Encantado - Nobres/ Reprodução - Rogério Florentino.

Lá há dois funcionários na secretaria apenas para realizar o Cadastro. Isso porque o status B possibilita a obtenção de investimentos para infraestrutura turística e eventos.“Temos direito a 500 mil por ano, direto do Ministério, só pra fazer eventos, porque somos B. Esse é um esforço que o município faz pra ser bem categorizado. Tem lugar que tem 30 hotéis, mas só quatro cadastrados. Quando vão pleitear recursos, abrem o Cadastur e questionam: mas você só tem quatro hotéis? Que município turístico é esse?”

Para o empresário a vantagem se mostra na hora de obter financiamentos mais baratos, como o FCO Turismo ou o Desenvolve MT

Ações do Estado para este ano

Recentemente o secretário adjunto de Turismo Luiz Carlos Nigro, destacou que Mato Grosso foi muito “judiado” pela Copa. “Criou-se uma expectativa gigantesca, muitas obras de turismo não andaram e a imagem de Mato Grosso foi desgastada na área de congressos e eventos. O aeroporto era péssimo, pra chegar ao centro era muito difícil. Agora estamos retomando essas obras. Então agora com a casa quase arrumada, temos que trabalhar a reconstrução da nossa imagem.”
Catedral Metropolitana de Cuiabá/ Reprodução - Rogério Florentino.
Para a missão, a aposta é triplicar as rodadas de negócios na Feira Internacional de Turismo (Fit), que contará com a vinda de mais jornalistas e conta com o apoio do Ministério do Turismo, da EMBRATUR.

De acordo com Nigro, serão investidos este ano mais de R$ 100 milhões em obras e infraestrutura, promoção e divulgação de destinos Estado afora.

Para a Capital, especificamente, ele reforça os esforços para a criação de um ambiente proprício ao turismo de negócios. “Hoje o turismo de negócio é um grande mercado para Cuiabá e Várzea Grande. Então, Como fazer as pessoas pararem em Cuiabá? Precisamos criar essas situações. Já temos o Bulixo, a Casa do artesão, a Orla do Porto, o Parque das Águas. A cara de Cuiabá mudou nos últimos anos. Por isso é importante trazer os operadores, porque agora precisamos do produto na vitrine nacional”, conclui.
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