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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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poço de carbono

Projeto no interior ajuda a recuperar Floresta Amazônica com sistemas agroflorestais

Foto: Divulgação

Projeto no interior ajuda a recuperar Floresta Amazônica com sistemas agroflorestais
O projeto ‘Poço de Carbono Juruena’, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, com patrocínio da Petrobrás, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, prova, há alguns anos, que é possível recuperar as áreas de Floresta Amazônica por meio de Sistemas Agroflorestais (Saf). Para se ter uma ideia, após anos de projeto, um levantamento amostral das propriedades que recuperaram as áreas, realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), mostrou que atualmente o estoque médio é de 58 toneladas de carbono por hectare da região, que foram absorvidos da atmosfera.
A região amazônica se tornou manchete recentemente em todo o mundo devido à quantidade de incêndios florestais. Enquanto isso, na cidade de Juruena (639km de Cuiabá), agricultores familiares fazem a restauração das áreas desmatadas por meio deste projeto.

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“Ao todo, 52% da área de Juruena está com cobertura de vegetação primária, situação muito diferente dos municípios vizinhos”, afirma Paulo Nunes, coordenador do Poço de Carbono Juruena. Os agricultores podem escolher entre quatro tipos de restauração:

- Quintais agroflorestais: intercalam espécies frutíferas, árvores e palmeiras. Nesta modalidade, o solo é enriquecido pelos diferentes nutrientes das plantas, além de diversificar a fonte de renda do produtor.

- Cafezais sombreados: café é intercalado com plantio de espécies nativas arbóreas. Além de permitir melhor produtividade ao café, as árvores geram diversos serviços ambientais, como a manutenção de um microclima mais equilibrado ao longo do ano, conservando a fertilidade do solo, maior umidade no ambiente, possibilitando a conservação de maior biodiversidade de insetos polinizadores e de inimigos naturais que poderiam prejudicar outras espécies do arranjo agroflorestal, oportunizando maior produtividade e consequente receita financeira às famílias envolvidas.
 
- Sistemas agroflorestais com palmeiras: privilegiam o plantio de espécies como pupunheira e açaí, estimulando a colheita do palmito, ou polpa de frutas a partir do segundo ano.

 - Sistema silvipastoril: árvores são plantadas em áreas de pastagem, fornecendo sombra para os bovinos enquanto as árvores estão em crescimento.
 
O arranjo produtivo que mais incorporou dióxido de carbono atmosférico foram os quintais produtivos devido ao fato de terem maior biodiversidade e um manejo mais adequado nestas áreas plantadas.

Como consequência, o projeto Poço de Carbono Juruena demonstra que a restauração florestal é viável economicamente além de ter um enorme ganho ambiental. Entre os benefícios estão a absorção de carbono da atmosfera, a conservação do solo, a diversificação e melhor distribuição da renda do agricultor ao longo do ano, o aumento de produtividade das espécies - que são fundamentais neste ganho econômico para as famílias, como o café, cacau, pupunha - entre outras vantagens, como a conservação da cobertura vegetal primária e sua rica biodiversidade.

Outro resultado alcançado pelo projeto é a conscientização dos agricultores de que não há necessidade de abertura de novas áreas de floresta, pois é possível aproveitar com eficácia as áreas já abertas.

O projeto Poço de Carbono Juruena busca oferecer alternativas sustentáveis de renda aos agricultores familiares e povos indígenas. O projeto apoia o extrativismo da castanha-do-Brasil em vários municípios do Noroeste de Mato Grosso, promove a educação ambiental para a gestão e conservação dos recursos naturais, e também incentiva a diversificação de cultivos na recuperação de áreas por meio de sistemas agroflorestais em pequenas propriedades de Juruena.

Além do benefício econômico, os sistemas agroflorestais “imitam” o comportamento da floresta, armazenando carbono e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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