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Domingo, 28 de abril de 2024

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Estudo da UFMT aponta correlação entre uso de agrotóxicos e aumento na incidência do câncer

Foto: Reprodução

Estudo da UFMT aponta correlação entre uso de agrotóxicos e aumento na incidência do câncer
Um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) apontou uma correlação entre o uso de agrotóxico e a alta da incidência de câncer no estado. A pesquisa analisa a taxa de incidência por câncer, fatores socioeconômicos e ambientais no estado de Mato Grosso no período de 2013 a 2016.

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O estudo denominado "Ambiente, saúde e agrotóxicos: Desafios e perspectivas na defesa da saúde humana, ambiental e do(a) trabalhador(a)" foi publicado no início do mês de julho no portal do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Conforme os dados apresentados, Mato Grosso é campeão nacional na produção de madeira, soja, milho, algodão e gado bovino. 

Por este motivo foi apontado que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de grãos e outros produtos agropecuários e o que utiliza maior quantidade de agrotóxico.

Resultados do estudo

Segundo o estudo, no período analisado foram notificados 24.400 casos novos de câncer no estado de Mato Grosso, sendo 51,94% no sexo masculino e 54,71% na faixa etária de 60 anos ou mais. Entre os principais tipos de câncer estão de próstata, mama, colorretal, pulmão, estômago e colo do útero.

Com isso, a taxa média de incidência de câncer no estado no quadriênio de 2013 a 2016 foi de 181
200,53 por 100.000 habitantes.

As maiores taxas de incidência foram observadas nos municípios de Marilândia, Tapurah, Santa Rita do Trivelato, Porto do Gaúchos, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Cuiabá e as menores taxas foram em
Luciara, Canabrava do Norte, Nova Nazaré, São Félix do Araguaia, Ribeirão Cascalheira e Santa
Terezinha. 

Em relação as maiores taxas, exceto Cuiabá, que corresponde a capital do estado e possui maior concentração de casos, os demais municípios em sua maioria, ficam localizados em macrorregiões de econômica agropecuária, entre eles, Médio-norte (Lucas do Rio Verde, Sorriso, Santa Rita do Trivelado e Tapurah) e noroeste (Porto dos Gaúchos).

"Os agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de Mato Grosso são os herbicidas Glifosato, 2,4-D, Atrazina, Paraquat, os inseticidas Acefato, Clorpirifós, Imidacloprido, Tiametoxan e os fungicidas Tebuconazol, Carbendazim, Clorotalonil e Mancozebe). Desses são proibidos na União Europeia a Atrazina, Paraquat, Carbendazim e os inseticidas neonicotinóides Tiametoxan e Imidaclorpido, por seus graves efeitos à saúde, com destaque para os processos mutagênicos, carcinogênicos, neurotóxicos e disruptores endócrinos, além da persistência ambiental", diz trecho do estudo.

Estudos apontam que o aumento de câncer na faixa etária de 0–19 anos pode estar relacionado ao uso intenso de agrotóxicos no estado de Mato Grosso, tendo, também, relação entre os indicadores de morbidade e de mortalidade por câncer em menores de 20 anos durante o período estudado.

"O uso de agrotóxicos apresenta inúmeros impactos na saúde humana e ambiental, em especial quando aplicados por pulverizações aéreas, a qual se apresenta como uma prática danosa em razão da fácil dispersão dos agentes químicos. A cadeia do agronegócio e a produção agrícola pautada na monocultura afeta, desastrosamente, o solo, causando o desmatamento e a redução da biodiversidade", pontua o estudo.

Acidente de trabalho

O estudo que tem participação da UFMT apontou ainda que Mato Grosso também é campeão nacional de incidência de acidentes e mortes no trabalho, dos quais 70% estão relacionados ao agronegócio (agropecuária, frigoríficos, usinas de açúcar/álcool, madeireiras e transporte/silagem) e as maiores incidências estão nas regiões de maior produção agropecuária e madeira.
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