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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Moratória para uso de vírus da peste bovina somente em pesquisas aprovadas

Uma moratória para o uso de vírus da peste bovina vivo somente em pesquisas aprovadas foi levantada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

A moratória segue a adoção de uma Resolução, por todos os países membros da OIE, em maio de 2011, que urgia a proibição da manipulação de vírus da peste bovina, a não ser em casos aprovados pela Autoridade Veterinária, pela FAO e OIE.

As duas organizações agoram colocam em prática critérios e procedimentos restritos a serem seguidos para obter aprovação para projetos de pesquisa usando o vírus ou material contendo o vírus da peste bovina.

Um dos requisitos mais importantes é que a pesquisa deve ter um potencial significativo para melhoria da segurança alimentar ao reduzir o risco de uma recorrência da doença. Este procedimento substitui o anterior banimento total da manipulação do vírus.

A peste bovina foi formalmente declarada erradicada em 2011, mas estoques do vírus continuaram a existir em laboratórios. Em junho de 2012, uma moratória na manipulação do vírus foi imposta depois que uma pesquisa da FAO/OIE descobriu que o material continuava a ser mantido em mais de 40 laboratórios em todo o mudo, em alguns casos sob níveis inadequados de biossegurança.

Quando a peste bovina foi oficialmente erradicada, os países membros da FAO e da OIE se comprometeram a proibir a manipulação do vírus e de materiais que o contivessem a menos que aprovados por autoridade nacional veterinária, assim como pela FAO e OIE.

Necessidade de manter a vigilância contra a peste bovina

"Apesar do sucesso da comunidade mundial na erradicação do virus da peste bovina in natura, precisamos manter os olhos bem abertos em relação às amostras do vírus que são mantidas em laboratórios", disse Juan Lubroth, Oficial Chefe Veterinária da FAO.

"A varíola em humanos também foi erradicada há mais de 30 anos, mas a também teve que ser sofridamente eliminada dos laboratórios em todo o mundo até que apenas dois locais de segurança máxima fossem mantidos", Lubroth explicou. "A FAO está comprometida em auxiliar os países tanto na destruição como na segurança de qualquer vírus da peste bovina que ainda seja mantido em seus laboratórios para evitar qualquer risco de que sejam dispersados no ambiente".

De acordo com a FAO e a OIE, a maior ameaça global é o caso de liberação acidental do vírus por um dos laboratórios onde continuam a ser mantidos. Isso pode ocorrer devido à manipulação imprópria no laboratório.

A FAO e a OIE também estão oferecendo apoio para a transferência de material contendo o virus para locais de armazenagem aprovados, com altos níveis de biossegurança.

O diretor-geral da OIE Bernard Vallat disse: "Uma epidemia de peste bovina hoje iria minar décadas de esforços internacionais para erradicar a doença. É por isso que a pesquisa com o vírus deve ser cuidadosamente regulada, e os benefícios potenciais de uma futura pesquisa devem ser cuidadosamente balanceados em relação aos riscos de sua manipulação".

Durante décadas de longas campanhas para a erradicação da peste bovina na África, Ásia e no Oriente Médio, estoques de materiais biológicos e vacinas eram mantidos em centenas de laboratórios como parte da rotina de atividades de vigilância para assegurar o fim da doença.

Amostras de sangue e de tecidos de gado e de animais selvagens, assim como estoques de vacinas derivadas de espécies do vírus da peste bovina eram mantidos à mão em caso de qualquer emergência relacionada à epidemias da peste em populações bovinas.

Um Comitê Conjunto de Aconselhamento sobre Peste Bovina, formado por sete especialistas externos, recebeu a tarefa de revisar as propostas de pesquisas com base em critérios objetivos, e apresentar recomendações para a FAO e a OIE quanto à validade das propostas para aprovação final.

As propostas de pesquisa serão revisadas de acordo com os seguintes princípios:
Resultados e impactos do objetivo da pesquisa para proteção da segurança alimentar para as populações locais e globais;
Os resultados da pesquisa devem contribuir para a manutenção efetiva e eficiente de um mundo livre da peste bovina;
Resultados e impactos da pesquisa devem trazer benefícios científicos significativos para a saúde pública ou animal.

Um benefício potencial em continuar com pesquisas científicas seria a exploração da possibilidade de desenvolver uma vacina baseada no vírus da peste de pequenos ruminantes (PPR), em vez da atual utilzando o vírus da peste bovina, para evitar a peste em bovinos e bubalinos. PPR é uma doença de ovinos e caprinos causada por um vírus similar ao da peste bovina.

Uma vacina para ambas as doenças baseada no PPR poderia potencialmente prevenir que a peste bovina se espalhe caso uma epidemia algum dia volte a ocorrer. Também significaria que não haveria nenhuma necessidade de manter o vírus da peste bovina armazenado para fazer novas vacinas quando os estoques atuais expirarem.

Com menos estoques de vírus da peste bovina em laboratórios, o risco de uma liberação acidental seria então reduzido, e assim também se reduziria a ameaça da peste bovina para a segurança alimentar global.
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