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Notícias / Economia

Sem renda, produtor de citros deixa de combater greening

DCI

A descapitalização dos pequenos produtores de laranja do Estado de São Paulo está agravando a saúde dos pomares, já que falta capital para investir nos manejos necessários para combater o greening e outras doenças no campo. Com isso, a população do inseto que transmite a bactéria causadora do greening, o psilídeo, aumentou neste fim de inverno e início da primavera.

Em Avaré, oeste do estado, o Fundecitrus identificou 1,12 insetos por armadilha, nível considerado "alto" pelo técnico do fundo, Marcelo Miranda, já que apenas um inseto pode contaminar um pomar inteiro. No ano passado, segundo avaliação dos produtores, o nível detectado era de 0,08 insetos por armadilha. A infestação é maior em Araraquara, onde foram identificados 1,56 psilídeos em cada armadilha montada pela entidade.

"O produtor descapitalizou. Não está mais fazendo inspeção, nem pagando equipe para isso. Ele não tem como adubar, fazer manejo, nem trato na cultura", conta Ronaldo Bergamaschi, diretor do Sindicato Rural de Itápolis. Segundo dados da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), o custo operacional para manter os pomares estão em R$ 12 reais a caixa, enquanto cada caixa está sendo vendida entre R$ 6 e R$ 7 para as processadoras.

Apenas na última safra de laranja, foram arrancados 3,7 milhões de pés apenas por causa da infestação com greening. Em nove anos, a erradicação motivada pela praga alcançou 20 milhões de pés. Mesmo assim, a retirada dos pés de citros não impediu que o greening se espalhasse pelo estado. Pelo contrário, entre 2011 e 2012, a doença avançou sobre 82% dos pomares paulistas e já chega a 6,9% do número de árvores em São Paulo.

Controle conjunto

O Fundecitrus iniciou em agosto o monitoramento da população do inseto Diaphorina citri, que transmite a bactéria causadora do greening. O objetivo é identificar os momentos de pico de infestação para que os produtores realizem aplicações de inseticidas de forma conjunta, o que deve diminuir a quantidade de agrotóxicos usados nos pomares.

O gasto com inseticida para combater o psilídeo pode variar entre R$ 30 a R$ 200 o litro. Os citricultores têm feito no mínimo seis aplicações no ano, o que resulta em um gasto anual que pode variar de R$ 216 a R$ 1,4 mil por hectare apenas em gasto para controlar o inseto do greening.

Enquanto isso, a receita está estimada em R$ 4,2 mil por hectare, considerando o preço médio de R$ 7,31 por caixa observado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e uma produtividade de 576 caixas por hectare, que foi o nível registrado em 2012 em São Paulo, segundo dados do engenheiro agrônomo Valquimar Brasil, da Câmara de Citricultura.

Os gastos, porém, podem aumentar caso o produtor decida fazer mais aplicações e de forma independente, sem coordenação com pomares vizinhos. Sem o controle, o greening pode derrubar até 80% das frutas na terra.

Além do gasto com inseticida, os citricultores ainda têm outros custos com tratos fitossanitários que representam no mínimo 45% de seus custos. Mas Valquimar Brasil alerta que, sem a adubação e os tratos culturais adequados, não é possível combater as doenças adequadamente.

Na região de Ibitinga e Tabatinga, o presidente o sindicato rural local, Frauzo Sanches, diz que alguns produtores já relataram perdas de 20% a 30% já na colheita desta safra por causa do greening e de problemas climáticos.
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