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Produtores veem estabilização no preço do leite em outubro

DCI

Depois de atingir recordes históricos em setembro, o preço do leite pago ao produtor e cobrado no atacado deve apresentar estabilidade em outubro, cenário que pode se repetir até o fim do ano, segundo fontes do setor consultadas pelo DCI. Em setembro, o preço do leite pago ao produtor subiu 2,8% na comparação com agosto e acumulou alta de 21,7% nos últimos 12 meses, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, atingindo o maior patamar da série histórica de 13 anos medida pelo instituto.

"Não tem indício que o preço vai continuar subindo, creio numa estabilização. Chegando no fim do ano, o produtor que não é especializado vai ofertar mais leite por causa da pastagem. A tendência até dezembro é o preço estabilizar ou até diminuir", avalia Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, associação que representa os produtores de leite no País.

Para ele, a estabilização "vai chegar no consumidor final". "Quem manda no preço do leite é o consumidor. Se houver qualquer indício de que o consumidor está rejeitando o preço, os supermercados não repassam", atestou Rubez.

O presidente da Leite Brasil explica que os recordes no preço do leite têm sido garantidos pela demanda firme no mercado interno, já que a oferta está estável e com tendência para um ligeiro aumento. "[A alta é] impulsionada pelo ganho per capita do consumidor, que está comprando mais", afirma Jorge Rubez. Atualmente, o consumo per capita de leite e derivados no País é de 180 litros ao ano - o dobro do consumo de dez anos atrás.

Já Antonio Vilela Candal, pecuarista e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Gado Holandês, assegura que é o cenário internacional que tem sustentado os altos preços no Brasil. Ele afirma que, enquanto o preço do leite em pó no mercado externo continuar cotado acima de US$ 4 mil a tonelada (atualmente está por volta de US$ 5,2 mil) e o dólar continuar acima de R$ 2, o preço do leite em pó estrangeiro continuará pouco atrativo para a indústria nacional comprá-lo e misturar na água - prática que, embora ilegal, ocorre.

Mesmo a importação de leite cru está em baixa. Até agosto, o Brasil importou 697,4 milhões de litros, 8% menos ante o mesmo período do ano passado. Com isso, "a oferta está bem ajustada com a demanda", avalia Candal.

A estimativa da Leite Brasil é de que a produção nacional neste ano fique um pouco acima do registrado no ano passado, em 33 milhões de litros, ante 32 milhões de litros em 2012. Em agosto, o Índice de Captação de Leite do Cepea, que mede a quantidade de leite comprada pela indústria, aumentou 2,04% ante julho.

O período do inverno costuma ser considerado de entressafra da produção leiteira, já que é uma fase com menos chuvas e, consequentemente, menos pastos verdes para alimentar as vacas. Porém, Rubez afirma que a produção do período de entressafra está se aproximando cada vez mais ao da safra, já que os produtores têm se profissionalizado e aumentado a alimentação do gado de leite por Silagem (Ração de Milho e farelo de Soja) ou Cana-de-açúcar.

Segundo Rubez, a capitalização dos produtores neste ano aponta inclusive para um movimento de maior profissionalização do setor, que deve investir mais em Ração para depender menos das pastagens.

Bom momento para o produtor

Candal, que trabalha há anos com genética por causa do alto retorno financeiro, conta que está se preparando para produzir leite em "grandes volumes" em janeiro de 2014 por conta do retorno que tem observado na atividade. "Da metade do ano passado para cá, o produtor ganhou o que nunca ganhou na vida inteira."

Além dos preços recordes, os custos de produção também têm ajudado a melhorar a renda. "Recentemente o custo com Soja aumentou, mas o produtor está acostumado a trocar por farelo de algodão ou de amendoim."
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